Vai estrear no próximo Domingo a nova série da RTP, Os Filhos do Rock. Não me lembro da última vez que esperei ansiosamente pela estreia de uma série da RTP. Aliás, não me lembro de alguma vez ter esperado ansiosamente por uma estreia da RTP. Desta vez espero. Desta vez, sempre que passam os teasers na televisão, paro, fico a ver, vejo até ao fim. Já quase os sei de trás para a frente. Nunca mais chega dia 8…

Percebo que nem todos percebam a ansiedade. Para muitos que viveram o tempo, não foi vivido como por mim. Para muitos foi melhor, para muitos uma desgraça. Eu, vivi o tempo como o devia viver uma criança, um jovem da altura.

Os anos 70, os 80’s e os 90’s

Eu nasci nos setentas, cresci nos oitentas, fiz-me homem nos noventas… Sim, de alguma forma, também fui um filho do rock.

Ouvi rádios piratas, gravei cassetes com o dedo no stop para cortar os anúncios, fui a concertos de garagem (onde também gravei cassetes com um gravador escondido dentro do blusão), assisti a ensaios em salas de estar, a altas horas da madrugada, vi pais e mães a discutir por causa disso, fui corrido para a rua, mais que uma vez, por causa disso…

Vesti roupas estranhas, usei penteados que não passavam pela cabeça de ninguém… Fui de arrasto e pelas orelhas, levado ao barbeiro onde me raparam o cabelo à maquina, foram buscar-me à casa de jogos onde quase me fizeram engolir a brasa do cigarro proibido… Parti tacos de bilhar e escondi-me em prédios vazios a meio da noite, na esperança de que as sirenes passassem sem parar… Não que tivesse feito algo de mal, mas era um filho do rock… Éramos todos.

Escrevemos os nomes das bandas nas mochilas, usámos alfinetes de dama nos blusões, calças rasgadas e botas Doc Martens… E o rock foi crescendo connosco…

Todos mudamos. Até o rock mudou…

Fomos mudando de roupa, de calçado, de penteado, mudámos de casa, de cidade e até de pais. Mudámos muita coisa mas uma coisa se manteve. Cada vez que ouvimos uma daquelas musicas da altura, recordamos o que vivemos e não deixamos de a cantarolar, por muito que possa parecer estranho a quem não foi, a quem não é, filho do rock.

Espero ansiosamente pela estreia desta nova série. Agora, RTP, não me lixes ok?

Depois de Blade Runner: Uma abordagem e de Blade Runner: Batty, o filho do Homem, eis que vos deixo desta vez uma interpretação não minha mas do artista sueco Anders Ramsell, que pintou 12.577 aguarelas de 1.5x3cm para criar esta sua obra a que chamou Blade Runner: Aquarelle Edition. Vale a pena ver.

E sim, está lá o monólogo de Roy, aos 31 minutos e 29 segundos.

Quando era mais novo, muito mais novo, Scooby-Doo era um daqueles desenhos animados que não perdia. Quantas oportunidades havia para ter desenhos animados, histórias de detectives e terror ao mesmo tempo?

Não será de estranhar assim que a Patrícia tenha como um dos seus desenhos animados favoritos o Scooby-Doo, que começou a ver desde muito cedo, na sua versão clássica que passa no canal Boomerang.

Claro que anos passados, é por vezes difícil encontrar as tais histórias de detectives ou de terror no Scooby-Doo mas na altura, tal como para a Patrícia hoje…

Ainda assim, mesmo que muito tenha mudado (e vamos tentar esquecer os filmes de 2002  e 2004 assim como o telefilme de 2009) há coisas que ainda hoje estão iguais, pelo menos para mim: Os meus personagens favoritos.

Desculpem-me os mais aguerridos mas eu há muito que sou pessoa de gatos e, ainda que simpatize com o trapalhão Grand Danois, os meus personagens favoritos sempre foram o Shaggy e a Velma e como tal, muito me agradou descobrir o trabalho de Jeff Zoet onde, para além de todos os outros personagens, os dois da minha preferência estão particularmente bem representados.

Velma

O tema, bem, é do melhor que se pode arranjar para uma história do Scooby-Doo: Zombie Apocalypse. Os zombies estão lá, a Mistery Machine está lá, o céu ameaçador também. Agora é por a imaginação a trabalhar.

Shaggy

Velma and the Mistery Machine

O set completo pode ser visto na página do Facebook Jeff Zoet Visuals.

Já todos ouvimos falar sobre o poder do riso. Já todos ouvimos falar de Breaking Bad e de Seinfeld (já certo?). E se é para nós muito facil associar Seinfeld ao riso, o mesmo não podemos dizer de Breaking Bad que aliás tem sido constantemente nomeada para melhor série dramática. Não quer isto dizer que Breaking Bad não nos faça rir. Faz, mas não é disso que este post trata.

O autor do site MatinComedy resolveu juntar dois dos elementos vitais a cada uma destas séries televisivas: O drama de Breaking Bade o som do riso do publico de Seinfeld.

Tirem as vossas conclusões.

Ora muito bem, aqui fica um daqueles posts que aparecem do nada, sem mais nada, porque sim. Porque o restaurante Ambiente com sabores me desiludiu.

Dissabor é um desgosto. É um sentimento que surge aquando de uma frustração em algo que era expectável ser de particular agrado. Aconteceu no Ambiente com sabores.

Há na ilha Terceira, nos Açores, mais precisamente em Angra do Heroísmo, um restaurante que dá pelo nome de Ambiente com sabores. Ao procurar um sitio para jantar, e tendo muito boas sugestões mas todas elas fora da cidade, optei por visitar o Trip Advisor e ver que ideias ele me daria. Ainda que a referência ao Ambiente com sabores não fosse a melhor (a primeira review tinha como titulo “A não voltar”) resolvemos ainda assim ver como era. Fica relativamente perto do hotel onde estamos alojados e ao passar à porta, pareceu agradar (não olhámos para a entrada convenientemente, mas já lá iremos).

Subimos umas escadas ao primeiro andar. A primeira pessoa que encontrámos foi a quem dissemos “Somos 3 para jantar”. Não tivemos uma resposta mas fomos “apontados” a outra pessoa que aparentemente nos iria receber. A primeira desapareceu entretanto.

Foi-nos dito para escolher mesa, se preferíamos alguma sala em particular. “Não conhecemos o restaurante, se nos quiser mostrar as salas…”. Passada a primeira e a segunda, uma terceira nos agradou. Ainda nos foi sugerido que ficássemos noutra “mais fresca.”, mas gostámos daquela.

Sala no Ambiente com Sabores

A sala com estilo. Vermelhos, pretos e brilho de metal, a colmatar nos candelabros das mesas que davam um toque de requinte, convidavam a ficar. Já a pessoa que nos acompanhou à mesa, nem por isso. Adiante. Enquanto esperávamos a ementa comentámos os marcadores de mesa. Marcadores de metal são um elemento de brilho que funde conceitos urbanos e rústicos de uma forma que costuma funcionar no entanto carregam um problema com eles. Com relativo uso, tornam-se feios, “usados”. E se o estilo funciona num conceito mais rústico, deixa de funcionar no tal conceito urbano.

A ementa chegou. Cada um dos pratos vem com uma descrição quase poética, daquelas que enche os olhos. Entradas, quatro pratos principais de peixe e outros tantos de carne. Nestes bifes e no peixe a comum Abrotea em filete, o Veja, um Polvo salteado e Rosbife de Atum.

Passou-se tempo suficiente para comermos uma boa entrada antes que nos fosse perguntado o que queríamos comer. De entrada “Lombinhos de Chicharo dos nossos mares sobre bolinhos de milho com chouriço regional regados com escabeche de legumes, laranja e Açaflor”. Pedimos também o “Polvo Salteado em Alho Francês, as Batatas e umas Castanhas, a Salada e seu Molho” e “Rosbife de Atum em Crosta de Sésamo sobre Tetragonia Salteada, Batata Doce Assada e Compota de Tomate Picante”. Para a miúda, um prato do menu infantil que dava pelo nome de “Dona Clotide”, bife de frango com tagliatelle.

Alguns, largos, minutos depois, vem a nota da cozinha: “Atum não temos. Quer outra coisa?”. Esta seria a altura correcta para sair, só pela atitude mas enfim… Pedi a carta novamente. A pessoa que nos estava a atender estaria certamente convencido que eu tinha decorado toda a ementa anteriormente. A carta foi deixada na mesa junto com a de vinhos que entretanto também tive que pedir e quem nos servia voltou a desaparecer. Não sei se 10, se 15 minutos, foi o tempo que demorou até que voltasse a nós. Estaria o prato do primeiro pedido a ser feito? Pedimos outro prato de Polvo.

Queixas de restaurantes? Ainda antes da comida chegar?

Entretanto, nas mesas em redor que foram sendo preenchidas, notava-se igual desconforto. Clientes locais, comentavam o incómodo do tempo a que estavam já à espera sem serem atendidos ou à espera de comida. Vi mais do que uma vez quem se levantasse em direcção à sala de recepção. Iriam procurar alguém que os servisse? Talvez. Vinham sempre acompanhados.

Vem a entrada. Os lombinhos de Chicharro são uma boa aposta da casa mas o escabeche de legumes ganhava a ser substituído por uma salada fresca. É só não aquecer os legumes ok?

Lombinhos de Chicharo no Ambientes com Sabores

Eis que surge o frango. Seco. Muito seco. E nada mais a dizer.

Chegou mais tarde o polvo. Ainda que ambos os pedidos fossem iguais, quase não o pareciam. Os cortes do Polvo eram diferentes o quanto baste para ter tal impressão sem ser necessário reparar nas folhas de vegetais que compunham os pratos e que em cada um continham espécies diferentes. Cortes à parte o molusco estava saboroso, nem muito rijo nem feito em papa mas já as castanhas que o acompanhavam estavam secas por demais e as batatas cozidas pouco ou nada acrescentavam ao prato. As queixas nas mesas circundantes continuavam. Pratos a chegarem sem tão pouco ter por lá passado o couvert? Nem um pedaço de pão para a história?

Polvo no Ambientes com Sabores

A noite já ia longa. Pedimos a carta novamente para escolher uma sobremesa e a escolha recaiu sobre o “Pudim de Queijo com Crumble de Amêndoa e Calda de Castanhas”. O que nos foi servido foi essencialmente uma Panna Cotta com duas castanhas (que se quentes custavam a digerir, geladas tornavam a tarefa muito mais difícil), migalhas de algo que não conseguimos descortinar (deusas, Crumble não é sinónimo de migalhas) e uma calda que podia ser agua de cozer castanhas com açúcar. Se era? Não sabemos.

Pudim de Queijo????

Pedimos a conta. Cerca de 7 minutos depois, e na falta de quem viesse trazer a conta, fomos nós até ao balcão. Abro a carteira e tiro o multibanco. “O Multibanco está fora de serviço.“. Ao ouvir isto, e depois da experiência só me restou dizer que nos podiam ter informado antes. A resposta foi um lacónico “Está afixado à entrada!”.

Multibanco fora de Serviço?

Tendo a certeza de não ter visto tal anuncio, sai para levantar dinheiro na caixa mais próxima e ao regressar vejo o anuncio diminuto preso num placar onde se encontram muitos outros anuncios sobre as mais variadas coisas, a comum placar para onde ninguém iria olhar. Subo novamente ao primeiro andar, e ao pagar faço questão de referir que ninguém veria o tal anuncio. Tive silêncio por resposta. Perante tal indiferença disse que eu faria questão de dizer ao mundo que o Multibanco não funcionava. Isso e muito mais. Um olhar de soslaio e um “humpf” foi o que ganhei.

Gerir um restaurante não é só comprar toalhas bonitas e encher a dispensa. É também escolher os empregados.

Curioso foi o facto de outro dos empregados do restaurante estar mesmo atrás, ter ouvido os comentários e não ter perguntado ao menos o que se passava, qual a razão do desagrado. Talvez pela mesma razão pela qual ninguém pergunta se está tudo bem ou se ficámos satisfeitos…

Por esta experiência pagámos 69.60 euros. E nem a porcaria da vela (já quase queimada) no candelabro da mesa me acenderam?

Para ser diferente não é preciso muito. Basta fazer asneiras que os outros ainda não tenham feito. Mas fazer asneiras comuns? Isso não basta para ser diferente. É parvo. Só isso. E se isso não é bom em lado algum, numa ilha pequena como esta será pior ainda. Quanto tempo demora até que toda a gente conheça o serviço? E depois? Quando já ninguém quiser voltar?

Restaurante Ambiente com sabores
Não interessa o resto. Se quiserem saber onde é, procurem. Não vou correr o risco de depois dizerem que fui eu que vos indiquei a morada.