Pai, porque é que se diz um par de cuecas? Um par deviam ser duas certo? Quando alguém diz dois pares de cuecas devia estar a falar de quatro cuecas certo? Porque dois pares são quatro. Um par de meias tem sentido, são duas meias, mas um par de cuecas?
E esta frase surge assim, do nada, em agradável passeio matinal junto à Basílica da Estrela…
Estava eu a começar a dizer-lhe que essa era uma questão que já me tinha passado pela cabeça quando a Patrícia me pergunta se já tinha pensado nisso.
A sério pai? Quando?
Pois… Podia ter avançado que talvez ai aos 30 ou 35 anos, eventualmente numa noite bem bebida… Achei melhor ficar pelo clássico “Um dia, sei lá. Mas sim, essa é uma pergunta relevante e para a qual ainda não arranjei resposta.”
Sentada no cadeirão, com o Browser ao colo e enquanto lhe faz umas festas na cabeça, diz a Patrícia:
Pai, sabias que todos os génios do mal se sentam no cadeirão com um gato ao colo enquanto fazem os seus planos?
Tremo por breves instantes, revejo toda a estratégia educativa numa fracção de segundo e logo de seguida penso “Se não for eu a conquistar o Mundo, então que sejas tu”. E respondo:
Ontem ao chegar a casa, esperava-me a Patrícia com o habitual sorriso nos lábios. É uma das coisas boas de ser pai, isto dos sorrisos… Estava eu no quarto quando ela a preparar-se para tomar banho, salta de repente para cima da minha cama e diz:
Estás a ver pai? É bom quando nos divertimos. Mas os adultos às vezes não se divertem… É só trabalho, trabalho…
Como a conversa foi dali ao Fernando Pessoa confesso que já não sei mas, uma vez mais, esta rapariga não pára de me surpreender. Ainda na cama, lemos os dois um pouco da Ode Triunfal. O ritmo de Álvaro de Campos impressionava-a e ao mesmo tempo fazia com que esperasse por mais…
Quis mostrar-lhe que nem todos os Pessoas são assim. Disse-me que já sabia ou já teria eu esquecido a exposição do Fernando Pessoa que fomos ver?
Saltei da cama e enquanto ela ficava a tentar apanhar o jeito às máquina infernais da Ode Triunfal, fui à sala procurar O Livro do Desassossego.
O meu desejo é fugir. Fugir ao que conheço, fugir ao que é meu, fugir ao que amo. Desejo partir – não para as índias impossíveis, ou para as grandes ilhas ao Sul de tudo, mas para o lugar qualquer – aldeia ou ermo – que tenha em si o não ser este lugar. Quero não ver mais estes rostos, estes hábitos e estes dias. Quero repousar, alheio, do meu fingimento orgânico. Quero sentir o sono chegar como vida, e não como repouso. Uma cabana à beira-mar, uma caverna, até, no socalco rugoso de uma serra, me pode dar isto. Infelizmente, só a minha vontade mo não pode dar.
Serviu também de historia de embalar… E que bem sabe quando já deitada, coberta e aninhada, a ouço dizer:
Eu trabalho num banco. Já o referi aqui várias vezes. Faço-o como que assumindo uma forma simples de disclaimer para me permitir escrever sobre certos temas sem ter que estar a pensar até que ponto me podem chamar à atenção por dizer isto ou aquilo.
Sou um profissional na área da Comunicação e dentro desta, na área do Social Media mas não posso, nem quero, distanciar a minha vida e interesses pessoais daquilo que faço profissionalmente. É uma das provas que dou a mim mesmo de que o faço com gosto. E que melhor sitio para a dar do que no meu blog e que melhor forma de o fazer do que escrevendo?
Assim, e sem mais demoras, o tema que me leva a escrever hoje: O Centro de Comando de Social Media do National Australia Bank (NAB).
Sim, leram bem. Centro de Comando de Social Media. De um banco. E não é um banco qualquer. Falo de um banco com cerca de 12.000.000 (12 milhões) de Clientes. Um banco acerca do qual se fazem mais de 5.000 comentários por mês nas redes sociais, onde a sua comunidade cresceu em 2012 cerca de 350%.
O NAB anunciou a inauguração deste Centro de Comando de Social Media este mês (ainda que já o tivesse em funcionamento há algum tempo) e nele colocou a sua própria equipa de 7 profissionais, com particular conhecimento das redes sociais, incluindo colaboradores de 3 áreas distintas: Digital, Marketing e Corporate Affairs.
Com a colaboração da SalesForce, que lhes fornece os constantes feeds de informação para 5 enormes ecrãs espalhados pela sala, o Centro de Comando de Social Media do banco prepara-se para oferecer suporte aos seus Clientes nas redes sociais 7 dias por semana, entre as 8 da manhã e as 8 da noite.
Mas este Centro de Comando de Social Media serve para mais do que o suporte ao Cliente. Serve para monitorização das redes, para a identificação de tendencias e possiveis situações de conflito para o banco.
Segundo Sam Plowman, a “ferramentaria visual” criada pelo NAB com a SalesForce e a Intel, irá permitir à equipa de Social Media do banco ser mais reactiva e proactiva na resposta aos comentários ou reclamações dos Clientes.
Esta iniciativa e o destaque que lhe é dada, funciona também como reactor para impulsionar internamente outras áreas do banco a interessarem-se por projectos na area do Social Media.
Na minha opinião este pode ser um caminho a seguir. Ter um Centro de Comando de Social Media dentro da empresa, assumir como estratégico e prioritário a gestão e desenvolvimento das competências internas (ou a contratação para os quadros) no campo das redes sociais até para melhor poder compreender e gerir a relação com outras entidades externas que colaborem com a empresa nestes assuntos. Considero porém que é necessária alguma maturidade, alguma experiência, para dar este passo. Não se trata de uma forma de começar.
E a vocês que vos parece? Será este o caminho a seguir?
Nota: Este post é a expressão da minha opinião pessoal sobre o tema e, ainda que eventualmente defendida por mim em determinados fóruns a nível profissional, não deve ser entendida como a posição da entidade para a qual trabalho.