amigos
Olha lá, e que tal falares de conteúdo no ClickSummit?
De conteúdo?
Sim, conteúdo. Content Marketing. Só não é a buzzword do momento porque já o é há algum tempo… Bem, para todos os efeitos podias falar também de Influencer Marketing que também está na moda.
Mas achas que…
Sim, acho. Era uma forma de alcançar outro público, aquele que não está a pensar tanto em leads, conversões e vendas…
Esta conversa sobre conteúdo podia ter acontecido… Podia. Assim ou mais ou menos assim… Ao final do dia, entre dois amigos que se encontram no sitio onde ambos dão aulas e, entre um “estás bom” e um “como vai a coisa”, surge o tão Português “vamos ali beber um copo?”. Vamos pois. 10 da noite? As senhoras lá de casa vão certamente compreender.
Somos os dois profissionais, eu e o Frederico Carvalho. Em áreas que se cruzam, que se tocam constantemente. Bem, para dizer a verdade, em última análise, na mesma área, naquela grande umbrella que é o digital. Cada um de nós com a sua visão, cada um de nós com a sua abordagem, cada um de nós com as suas ferramentas de eleição.
As aulas e os alunos, o que ensinamos e o que aprendemos. Conversa puxa conversa. Um copo (ou dois), um mata-bixo… Ou quatro. As noites pedem reforço quando se passa o dia a trabalhar. E quando damos por nós, diacho, estamos a falar de trabalho. Ideias para implementar, coisas engraçadas mas não tão viáveis, coisas que nem percebemos porque diabo não as estamos já a fazer. Quem nos visse… Só faltava o caderno de apontamentos na mão para registar cada nova dica, cada nova ideia.
De repente um “Olá”. Vira-se a cara e eis que surge um Daniel. As coisas que nós tinhamos para falar, eu e o Daniel. Desenhos. E isso é lá com ele e com a equipa do LiveSketching. “LiveSketching?” – diz o Frederico – Sim. Nem de propósito. O Daniel queria falar com alguém do ClickSumit e o Frederico queria falar com alguém do LiveSketching…
Conteúdo é isto. E nem sequer falámos de Marketing.
E a conversa tinha que continuar. Eu trabalho no SAPO. Diacho, é a referência da Internet em Portugal. O que se discute no ClickSummit é, grosso modo, o negócio na Internet. Claro que as coisas tinham que se cruzar. Mas, trabalho? Não, aquilo não foi trabalho. Aquilo foi verdadeiro prazer. É a grande vantagem de se fazer aquilo que se gosta. Mesmo quando falámos de leads, de conversões, do quão cara está a vida. Do dinheiro que custa ter dinheiro para fazer coisas. Mas falámos com gosto e o tempo passou quase sem darmos por ele.
Eis senão quando, o Honorato estava vazio. Empregados que passavam, já a arrumar as mesas como quem diz “isto tem que fechar, amigos…”. E garanto-vos, não tivesse a casa que fechar e não tivéssemos nós quem nos esperasse em casa, e conteúdo para continuar a conversa não faltava.
Depois, já no caminho para casa (sim, ir do trabalho a pé para casa é uma daquelas regalias que vale dinheiro, muito dinheiro), pensava nisto do conteúdo. O Frederico talvez nem precise de falar muito em conteúdo no ClickSummit. Basta que quem lá vai fale. E falam de certeza.
Tal como nesta história que aqui vos conto, também por lá se irão encontrar amigos de longa data, também por lá se irão fazer novos conhecimentos, que irão gerar novas conversas, algumas selfies e, certamente muitos posts…
Conteúdo? Conteúdo é isso, conteúdo é conversa, conteúdo é relação e as histórias que em torno das relações se criam. Marketing de conteúdos? Content Marketing? Content Marketing é outra coisa. Content Marketing é planear estrategicamente conteúdos e acções para que estas histórias aconteçam. Mas se não se importam, essa conversa fica para outra altura.
Ora bem, nada de outro mundo. Nenhuma dissertação sobre o significado da amizade ou sobre o que são bons amigos. Primeiro porque amigos, tal como amizade, é só por si, um termo muito, muito subjectivo. Depois porque bons amigos é, por razões claras, forma de subjectivar ainda mais o termo.
Assim sendo, e porque é mesmo de bons amigos que vos quero falar, conto-vos um pequeno episódio. Para que este tenha algum sentido, há que deixar claro que não gosto de futebol, não conduzo, sou casado, pai de uma filha e, como diz um dos meus bons amigos (aliás, dizem uns quantos), um homem sério.
Onde estão os bons amigos?
Do nada, uma destas manhãs, num daqueles espaços digitais tão comuns nos dias de hoje, onde amigos e conhecidos se encontram para conversar, pergunto (eu ou um dos presentes, já não estou certo mas para o caso é irrelevante) se temos almoço, que é como quem diz, “então, almoçamos hoje?”. A resposta não se fez esperar e como de costume, veio no sentido de um valoroso “só falta decidir onde”.
Sobre o local onde se daria o repasto também não houve grande conversa. Entre todos, sabemos bem o que cada um mais aprecia e os apetites, normalmente, são expressos logo pela manhã cedo.
O encontro está marcado para certa hora, numa recôndita viela, para onde cada um de nós se dirige, dos vários cantos da cidade. O sitio é concorrido, muito concorrido ao que parece. É famoso pelas doses e aparentemente a fama vai além das lusas paragens. São mais que muitos lá dentro e outros tantos que se vão juntando à porta. Esperamos também, colocamos a conversa em dia, como se não tivéssemos conversado toda a manhã, e na manhã anterior, e outra e outra…
Mas isto é algo que fazemos com amigos certo? Conversamos frente a um bom prato de comida, com um copo de vinho na mão ou enquanto esperamos que cheguem. A comida, o vinho ou os amigos que tendem a chegar atrasados.
Mas e então, e com os bons amigos? Qual é a diferença?
Vá lá, ainda estão a bater nessa tecla? Os amigos são bons. Sempre. Não há maus amigos. É como os cumprimentos que desejamos no fim de cada missiva. “Ah e tal, com os meus melhores cumprimentos…”. Certo. Então e se não forem os melhores serão quais? Os piores? Ou só os cumprimentos, que não sendo tão bons como os melhores serão, bem, aceitáveis?
Mas aos meus amigos, como não chamar de bons amigos, aliás, dos melhores que pode haver entre essa estranha categoria de conhecidos a que chamamos de amigos?
Sim é certo que com eles já dei por mim a a esperar que o tempo passe nas ruas da Vila de Sintra a meio da noite, a fotografar semáforos na Baixa de Lisboa, já me encontrei a declamar guiões de Star Wars improvisados com conteúdo menos próprio e personagens insólitas na madrugada de Cascais, já senti o vibrar dos trilhos do eléctrico na minha orelha ao raiar do dia no Terreiro do Paço, já fiz uma série de coisas…
E neste almoço, saído do nada, de bacalhau com grão e carne com batatas fritas, regado com O Tal Vinho da Lixa (sim, é mesmo assim que se chama o vinho), fomos de Noam Chomsky ao Michel Foucault, passámos pelo pêndulo do dito é claro, e visitámos o Slavoj Žižek. Quando chegámos à Paz de Westfália pensámos que a coisa não passaria dali… O que haveria ainda de passar.
Falámos do Hitler (convenhamos, a Lei de Godwin diz que íamos lá parar de certeza, mais ainda considerando o tempo que estivemos à espera) e das eleições legislativas. Discutimos o estatuto de arguido e as medidas cautelares anteriores ao trânsito em julgado, assim como até onde estas poderiam interferir com a presunção de inocência. Falámos dos refugiados, dos nossos e dos outros. Falámos até de como nós, de quando em vez, nos refugiamos, assim, ao almoço.
E a sorte, garanto-vos, a sorte de alguém que nos estivesse a ouvir, chegou com a hora de voltar ao trabalho.
A certa altura, entre o folhado de doce de ovos e o leite creme queimado ao momento (tal qual cena digna de um qualquer filme sobre a guerra do Vietname), nada mais me restou dizer para além de “que orgulho e gosto tenho, em ter tão bons amigos“. Ainda deu para mais um brinde, aos amigos. Que nunca nos faltem, que nunca desapareçam das nossas vidas, nem dos nossos almoços que, vidas à parte, são também muito importantes.
Este post é para vocês amigos, aqueles que estiveram neste almoço e todos os outros que tantas vezes comigo se sentaram à mesa.
Que eu tenho amigos estranhos não é novidade para quem me conhece… O mais curioso disso é que muitos desses meus amigos estranhos, sabem o quão estranhos são e demonstram um orgulho nisso quase tão grande quanto o meu em os ter como amigos…
Há já uns anos atrás, largos, entre copos, muitos, sob a égide de um valoroso crustáceo, a lagosta, uns quantos desses amigos fundam o One Over Zero dando o mote para a discussão em torno da singularidade tecnológica… Sobre esses poderei falar mais tarde mas por enquanto, afunilemos a conversa…
Do One Over Zero surge então, uns anos mais tarde, o OOZ Labs, o espaço onde algumas de entre as lagostas mais dadas a essas coisas do Do It Yourself, decidem, como eles próprios afirmam, construir, arranjar, melhorar, estragar, combinar, inventar, alterar… e mostrar como se faz. Não vos parece o grupo ideal para participar na Lisbon Maker Faire?
Para quem não conhece, a Lisbon Maker Faire, organizada pelo SAPO, a Ciência Viva e a Câmara Municipal de Lisboa, é em Portugal, o expoente máximo do movimento “Maker”, uma cultura (ou como alguns lhe chamam, subcultura) onde pessoas entusiastas de tecnologia mas também mecânicos, cientistas, artesãos e gente curiosa com particular interesse em fazer coisas, dão azo ao seu desejo criando objectos de utilidade prática, muitas vezes através do redesenho e reutilização de outros objectos ou criando componentes que conjugados de determinada forma, dão origem a um novo objecto. Imaginem coisas que podem ir de um ovo de chocolate em forma de puzzle 3D ao Apple I apresentado por Steve Jobs e Steve Wozniak em 1976.
Na Lisbon Makerfaire, que no ano passado começou como uma “mini Maker Faire” (sim, as Maker Faire regem-se por uma determinada organização que estipula a forma das mesmas nas suas múltiplas edições espalhadas pelo mundo) apresentam-se projectos ao público em geral, dando a conhecer o movimento, levando a que muitos “inventores de garagem” tenham pela primeira vez a prova de que, afinal não estão sozinhos, afinal há mais “malucos”. De igual forma, a Lisbon Maker Faire serve também para aproximar a comunidade em geral não só ao conceito mas também aos projectos lá apresentados levando a eventuais parcerias e novos projectos. Para além de tudo isso, é importante não esquecer a vertente lúdica do evento que, como passeio de família, garantidamente proporciona a miúdos e graúdos umas boas horas de entretenimento inteligente e bem disposto.
Bem, mas apresentada que está a Lisbon Maker Faire, voltemos aos meus amigos…
No fim-de-semana passado, um dos membros do OOZ Labs, o Basílio Vieira, esteve nas instalações de um dos patrocinadores da Lisbon Maker Faire, o AKI, apresentando em primeira mão, o projecto que o OOZ Labs levará à Lisbon Maker Faire 2015: o OOZ2MARS.
Imaginem um sistema que proporcione a experiência de conduzir um veiculo numa missão remota no planeta Marte. E foi nisto mesmo que, durante um dia inteiro o Basílio Vieira esteve a trabalhar no AKI, para todos quantos quisessem ter um pequeno vislumbre do que os pode esperar no grande evento da comunidade Maker portuguesa.
Umas caixas de cartão, uns quantos tubos de plástico e… Desenganem-se. Há muita ciência por trás da aparente simplicidade. Há muitas horas de trabalho, de calculo e experimentação. Para quê? Isso agora não interessa para nada.
Vão lá ver, vão conhecer este e outros projectos que, quem sabe, lhes farão ver o mundo de forma diferente, dar uma nova oportunidade às ferramentas que estão a ganhar pó no fundo da caixa ou até, dar vida aquela ideia que pensavam ser só mais uma “maluqueira”.
Já agora, conhecem outros projectos que estarão na Lisbon Maker Faire 2015? Quais? Onde estão?
Diacho Luis, parece que foi ontem… Parece que foi ontem, que depois de anos a falarmos sem nunca nos termos encontrado, finalmente demos o tal abraço, num fim de tarde entre um copo e conversas mais ou menos filosóficas… Parece que foi ontem…
Tantas vezes conversámos, comentámos… Temas e gostos em comum, histórias dos que cá ficam… E sempre com um sorriso.
Parece que foi ontem Luis, que me perguntaste como estava das minhas dores nas costas e me disseste “Chocolate negro é um repositor imediato de magnésio”…
Também tu partiste cedo demais.
Um abraço Luis Miguel Rocha. Aproveita e descansa um pouco.