Efectivamente, parece-me que será mesmo isso. Poderia ter outro qualquer titulo. Posso eu estar muito enganado mas, de momento, é o que me parece ter sentido: Lana Del Rey. Born to Die.

Lana Del Rey by Chuck Grant Lana del Rey por Chuck Grant.

Conheci Lana Del Dey (a sua musica entenda-se) há uns tempos atrás, através de uma amiga dada a essas coisas da Filosofia e da alma e que, além de tudo o resto tem também um fantástico bom gosto musical. Como é seu costume, DJ Lady Bug enviou-me um tweet escrevendo algo do género «Ouve lá isto». Eu ouvi e o «isto» era o Video Games. Na altura ainda não se falava de Lana Del Rey, nem contra nem a favor… Ainda mal o mundo reparara nos lábios da jovem…

Gostei. Como não gostar? A musica corria em fundo (sim, que no trabalho, trabalha-se) e dava uma olhada de quando em quando ao videoclip (posso escrever teledisco?). é certo que à segunda já não fui capaz de ver o teledisco aos bocadinhos. Aquilo é para ser visto de fio a pavio. Indie? Tenho duvidas.

Perguntei à Susana se conhecia. Ela ouve muito mais musica nova do que eu. Nada. Lana Del Rey, ilustre desconhecida.

De repente a bolha estoura. Não se fala noutra coisa. A miúda é fantástica. «gangsta Nancy Sinatra» escrevem. Lana Del Rey vai ao Saturday Night Live e tem aquela que é imediatamente intitulada de «a pior performance de sempre no palco do SNL». Segue-se outra entrevista em que sai a meio perante uma pergunta difícil (eventualmente embaraçosa). A trama adensa-se. A opacificação da personagem é condição sine qua non para a imagem de femme fatale. Femme fatale do século XXI note-se. Bem mais nova, bem mais ingénua ou melhor, aparentando maior ingenuidade…

O tão esperado CD chega ao mercado. Born to Die. Há por ai quem diga (leia-se quase tudo quanto é critico) que é mesmo essa a intenção. Nascer para morrer. Produto quase instantâneo, de duração muito inferior a qualquer pudim Mandarim. Nascer para morrer. Passar ao lado do campo da memória, enchendo os bolsos a uns quantos. Há por ai quem diga que é mesmo essa a intenção.

Chega outro teledisco: Born to Die. E pronto. Estoura a bolha outra vez. Desta feita, a minha e não a dos críticos. Se Video Games já me cheirava a Lynch (fui de Blue Velvet a Twin Peaks, passando pela casa de partida e recordando Julee Cruise como bónus), Born to Die veio lembrar-me de que a humanidade se encontra num movimento cíclico e que o perímetro do mesmo é cada vez mais pequeno. Lynch all over again, que por sua vez foi a Oz (e talvez nunca mais tenha voltado, enviando de lá a uma série de duendes, ou anões, instruções para continuar a sua obra) e nunca deixou de piscar o olho a Dali.

Em Born to Die Lana diz-nos a certa altura que «Sometimes love is not enough». Ela está certa. Este disco precisa de um pouco mais. Só amor não chega. Diz-nos que «The road is long». E pronto. Chegámos. A estrada. Lana Del Rey não é uma Laura Dern e na estrada de Born to Die faltam os tijolos dourados que Lynch lá deixou…

«Come and take a walk on the wild side» parece ser um convite a recusar quando nos é feito tão além. Ninguém refere o «Wild Side» sem um sorriso, nem que matreiro, nos lábios. Ou até um sorriso à Joker. Tem lábios para isso a miúda.

Até os tigres lá estão. Num sonho em que a abelha, abandonando a romã, talvez tenha picado a jovem Lana levando esta a decidir manter uma pose de quem não acordou. Se não acordou é porque a abelha não lhe picou e os tigres podem continuar ali, mesmo ao lado, quase a dormir, com ela. Só Lynch levaria os tigres do Dali a dar tal reviravolta.

«Don’t make me sad, don’t make me cry» diz ela com uma voz entre o cigarro e o caramelo. «Let’s go get high». Já tínhamos percebido.

p.s. E nem vamos falar de Blue Jeans onde a coisa vai mais pela onda do «I will love you till the end of time/ I would wait a million years»…

Já me conhecem certo? Apreciador da técnica (muito mas enfim) e infinitamente admirador da estética. Depois há a questão da moral, da ética

Perguntei à Professora Doutora Jinhee Choi esta semana se ela se via mais próxima dos Moralistas, que defendem a impossibilidade da separação entre a moral e a estética ou dos Autonomistas que entendem que essa separação é essencial. Respondeu-me que, não sendo essa a sua área de principal preocupação e estudo, não deixava de se sentir incomodada e talvez incapaz de continuar, quando assistia a determinados filmes, como extreme porn ( Jinhee Choi é sul-coreana e o género extreme porn é não só muito estudado como também muito filmado em culturas asiáticas) por exemplo. Gráficos à parte (e eu acredito que na sua resposta Jinhee Choi também os tivesse colocado à parte) eu diria que ela se encontra mais próximo dos Moralistas. Eu estou assumidamente, e até que algo me faça mudar de ideias, mais próximo dos Autonomistas.

Isto tudo para vos dar a conhecer Smut Clothing. Esqueçam conceitos ok? Arrojado, provocante, ofensivo, desafiante… São algumas das palavras que se podem ler no Sobre Nós desta marca de roupa inglesa.

Dizem eles que usam T-Shirts como telas e as fantasias eróticas como palete.

O video abaixo encontra-se na página de entrada do site. Pesquisando encontram-se outros até bem mais provocantes, de um erotismo roçando os próximos passos da sexualidade. Mas este, este foi muito bem escolhido. Este está perfeito. A técnica, a estética, a ética… Era disto que vos estava a falar certo?

Se não conhecem, visitem o site da Smut Clothing e depois digam qualquer coisa.

Vibrador. A palavra ainda hoje faz virar cabeças, desvia olhares e, frequentemente, é motivo de alguma estranha reprovação. Talvez agora deixe de ser.

Muitos talvez não saibam mas os vibradores já por cá andam desde o século XIX (e na altura, como quase tudo então, funcionavam a vapor) e não se prevê que desapareçam tão cedo… Ok, desviem essas mentes pecaminosas desta ultima observação…

Pois é precisamente da invenção dos vibradores, da “necessidade” que a sociedade tinha, para a “cura” da histeria feminina, que nos fala Hysteria, uma comédia a estrear no TIFF (Toronto International Film Festival).

Preparem-se para pérolas como “Não há mãos suficientes para fazer este trabalho” , “Prazer, não tem nada a ver com isto, posso assegurar” ou ainda espanadores eléctricos que só por si fazem a festa… Obviamente, gemidos e senhoras de pernas abertas também não faltam mas sempre com a maior da decência…

Por enquanto, fica o trailer e a esperança de que o filme não demore a chegar por cá.

Nota de rodapé: A minha colega da frente, Georgia Zavorgianou, a grega para os amigos, acabou de me chamar ingrato porque não escrevi aqui sobre quem me mostrou este video. Pronto. Redimi-me. Foi ela.

Ainda há uns dias aqui escrevi sobre Natalie Portman e Miss Dior. Não podia deixar de fazer também uma referência a Keira Knightley e a novo filme da casa Chanel para a promoção da sua linha Coco Mademoiselle.

Keira Knightley

De Sabé em Star Wars Episode  – The Phantom Menace, a Elizabeth Swann em Pirates of the Caribbean – Dead Man’s Chest, e chegando à mais recente Charlotte em London Boulevard (a ver vamos se há tempo para falar deste filme um destes dias), Keira Knightley tem encantado meio mundo (eventualmente o outro meio não aprecia coisas bonitas).

Ao som de It’s a man’s man’s man’s world, eternizado por James Brown e aqui cantado por Joss Stone, Keira Nkighttley mostra uma vez mais, o porquê de tais encantos.

Tal como no post sobre a Natalie Portman, fica o vídeo. Fala por si.