Morreu Michel Crichton. Foi no passado dia 4 de Novembro. Mesmo parecendo egoísta confesso que a primeira coisa que disse quando ouvi a noticia foi: “Não pode ser. E eu que estava à espera do seu próximo livro”. Sim. Pode parecer egoísta ou insensível mas demonstra certamente o quanto eu apreciava os seus escritos.

O meu primeiro contacto com a obra de Michael Crichton foi através de Congo há muitos, muitos anos atrás. Depois fui vendo o que todos víamos, na televisão o ER (Serviço de Urgência) e no cinema o Jurassic Park ou Disclosure. Mostrava-se assim ao grande mundo, aquilo em que Crichton era um verdadeiro mestre: no chamado techno-thriller. Logo por sinal, o meu género favorito.

Na minha viagem a Nova Iorque, há 2 anos atrás, redescobri Crichton na Barnes&Nobles através de State of Fear que me deixou tão entusiasmado que ainda mal o tinha acabado de ler e já tinha comprado Next. Não poderia imaginar que seria o seu último livro. Teria guardado umas páginas para ler mais tarde…

A manhã de ontem foi uma daquelas manhãs que leva o comum dos mortais a idolatrar o Sol e as horas de barriga para o ar tal qual lagarto… Quem me conhece sabe bem qual a minha relação com a praia mas, como costumo dizer, a paternidade muda um homem.

Um Sol magnifico, agua clara, quente e calma… Ainda que com mais gente do que é habitual nesta altura do ano (mais gente significa consideravelmente menos do que em qualquer praia da Costa ou da Linha), esteve-se muito, muito bem na praia.

E a vida parece um evento feliz. Um amigo telefona-me alegre dizendo que vai a uma entrevista de emprego, um casal de amigos telefona-me do aeroporto em Paris onde foram “só” almoçar para comemorar o aniversário de casamento, o almoço é robalo fresco grelhado e a Susana está mesmo a gostar de Torchwood… Sim, a vida corre-nos bem…

Mas, e há sempre um mas, poderá alguém, alguma alma caridosa, contar-me o segredo, a formula mágica, para conseguir ler um livro na praia quando se tem uma criança de 4 anos? Sim, eu sei que a praia é para brincar, para mergulhar, para jogar à bola (esqueçam lá isso) mas, também me parece ser um bom sitio para ler não? Mas como? Como?

Battlestar Galactica… Pois. Que lá vem ele outra vez escrever sobre as gajas boas que vieram agora ocupar o lugar dos robôs… Não, o gajo vai escrever que gosta da série mas não é por causa das gajas… É politica. E religião… Pois…

Pois que não é nada disso. Aliás, nem tão pouco venho escrever sobre a série. Bem, talvez só um pouco porque é muito difícil dissociar a série daquilo que hoje me leva a escrever: Battlestar Galactica, a banda desenhada (ou os comics para ser ainda mais correcto).

Não é novidade que gosto de banda desenhada e muito menos que gosto da Galactica. ora havendo a possibilidade de ter banda desenhada da Galactica não a podia deixar escapar.

Também não é nenhuma novidade ver uma série televisiva adaptada ao formato quadradinhos (ou quadrinhos como se diz do outro lado do atlântico e já tanta gente ouço a dizer por cá) e confesso que poucas foram aqueles que optaram por este caminho e das quais gostei mas esta é diferente. A Battlestar Galactica tem neste formato uma hipótese de continuar mesmo após o seu fim anunciado.

Ainda que confinadas a um nicho (assim me dizem os vendedores destas edições) estas edições encontraram um publico avido de mais um pouco daquele mundo fantástico. E digo edições porque, enquanto no mundo real muito se fala de Caprica (o tão esperado spin-off de Galactica) mas pouco se vê, no mundo dos comics em poucos anos assistimos não a uma mas a várias edições separadas: Battlestar Galactica, Battlestar Galactica: Season Zero, Battlestar Galactica: Origins, Battlestar Galactica: Zarek, Classic Battlestar Galactica e ainda ao one-shot (edição unica) Battlestar Galactica: Pegasus.

Tudo isto para vos dizer que adquiri recentemente o Volume 3 de Battlestar Galactica que é nem mais nem menos do que a compilação em edição de luxo dos volumes 09 a 12 dos comics mensais da Dinamyte Comics finalizando assim uma das séries.

Que eu gosto de banda desenhada não há dúvida. Já por aqui o afirmei mais do que uma vez. E não é só franco-belga e coisas do género. Também gosto de uma boa dose de american comics.

E se a estes se juntar uma boa dose de conspiração, religião, tipos que são suicidados e coisas do género, já se está mesmo a ver que o interesse sobe em flecha. Tudo isto misturado com um bom desenho e estou completamente rendido.

Revelações

Ora aqui está um sumário das boas razões para ter comprado “Revelações” ou Revelations no original.

Antes de mais foi uma boa surpresa ver a edição nacional da BDMania. Uma qualidade invejável que saltava à vista entre tantas outras edições da estante. A combinação cor / papel é meio caminho andado para folhear o livro.

Entretanto chega o desenho. Num estilo quase cartoon, os desenhos parecem fluir de página para página com bastante expressividade e a forma como são coloridos parece dar corpo à história, fazendo com que, apesar de negra, nos encha os olhos.

Depois chega o enredo. Com ele chegam detectives, padres e cardeais, suicídios no Vaticano, sexo, advogadas jeitosas, sociedades secretas e… O quarto segredo de Fátima!

O detective Charlie Northern vai ter muito com que alimentar as suas tão apreciadas teorias da conspiração.

Já vimos isto em algum sitio não?

O Codigo DaVinci? sim. E depois? Quantas histórias, boas e más, giram à volta destes temas? Esta é mais uma. Das boas.