O Peter Pan gosta mesmo é da Terra do Nunca. isso nós já sabemos. Mas de vez em quando o Peter Pan também gosta de passear e ora dá um pulinho a Londres ora vem até Lisboa. Quando por cá passa, sabemos agora, fica ali no Tivoli casa a que ele acha um certo encanto. E tem a sua razão. Há já muitos anos que não entrava no Tivoli mas penso que ainda recordava a sobriedade do espaço… Adiante que a conversa aqui é sobre o Peter Pan.

Peter Pan no Teatro Tivoli
A sala abriu portas já passava da hora marcada. Num espectáculo em que se sabe ser o público grandemente constituido por crianças, não é um bom começo. Já se notava (via e ouvia) a impaciência de alguns dos pequenos espectadores. Já nos lugares a coisa ainda tardou parecendo que se esperava por alguém, ou pior, que a sala ficasse mais composta. Eu estava já a preocupar-me pois as expectativas eram altas. E eis que começa o espectáculo. Depressa esqueci o atraso.


Numa banda sonora virada ao rock (mas que estranhamente funcionava muito bem) foram-nos apresentados os principais intervenientes da história: A familia Darling e a fiel cadela Nana, depois os Meninos Perdidos, Peter Pan, os piratas e o seu Capitão Gancho, os índios enfim, toda aquela gente fantástica que habita a Terra do Nunca. E diga-se, estava tudo muito bem. É certo que a história daria para uma daquelas super-produções à lá Broadway mas aqui consegue-se com um bom enquadramento de cenários e a música a ajudar, um grandioso espectáculo que agrada facilmente a miúdos e graúdos.

A história é bem conhecida (não havia na plateia que não referisse o termo “Bacalhau” à entrada do Capitão Gancho): Peter Pan proocura a sua sombra perdida uma noite em que escutava histórias de encantar à janela de Wendy. Após um breve encantamento leva consigo Wendy John e Michael para a Terra do Nunca onde o malvado Capitão Gancho o tentará envenenar assim como matar todos os Meninos Perdidos ficando com a Wendy para que esta fosse a mãe de todos os piratas. Aventuras e desventuras levam à quase morte da Fada Sininho e é ai que Peter põe toda a plateia em pé cantando “Acreditar, acreditar, acreditar em fadas” para que a Sininho brilhe novamente. É neste momento que, olhando para todas aquelas caras ali à volta, olhando para a cara da Patrícia às cavalitas da Susana, é neste momento que relembro como é bom acreditar em fadas… Elas existem sabiam?

Salva-se a fada, salva-se o Peter e os Meninos também. O Gancho vai parar ao mar e o crocodilo certamente que o comeu. Mas a outra terra, aquela onde há pais e mães espera ainda que os pequenos Darlings voltem. Está na hora de regressar e os Meninos Perdidos vão também. Peter pede-lhes com lágrimas nos olhos que eles nunca cresçam e que nunca esqueçam a Terra do Nunca… Quem quisesse ver a Patrícia a chorar… Mas tudo volta ao lugar. A magia não acaba e até o Barrica e o Rastilho fazem as pazes com o Peter… A miuda lá se convenceu.

Tal como nas histórias originais de J. M. Barrie também neste espectáculo de Peter Pan no Tivoli a Wendy Darling (fantástica Ana Sofia Gonçalves) parece ser a protagonista principal. Também aqui a Wendy é o personagem mais desenvolvido ainda que o Peter Pan se revele igualmente emocional. Mas acho que a voz da primeira bate a do segundo. Opiniões… Já que refiro as vozes, é ainda digna de menção especial (sim, que todos estiveram, volto a referi, muito bem) a magnifica prestação da jovem que interpretava Mr. Tootles. Todos cantaram e encantaram, alguns até voaram e a imagem ficará para sempre…

Peter Pan no Teatro Tivoli. Vale a pena.

Não é meu hábito publicar por estas horas mas um colega acaba de me enviar um link para o video abaixo e, sinceramente, é daqueles que vale a pena ver. Fica também a forma como o tal colega o apresentou e acho que diz tudo:

Independentemente das vossas opções políticas, este discurso é bom.
Simples, sem promessas ou propostas, simplesmente com palavras mágicas como “Change” e “Hope”.

A sério. Sofre coração. Por mais lamechas que pareça não há outra expressão para definir os estado de alma de quem espera por Galactica. Depois do melhor final de temporada que se viu desde há muito muito tempo ( e acreditem que eu já o vi e revi mil vezes para ter a certeza de que não me enganava), eis que surge o vídeo promocional para a quarta série. Ver a Starbuck deitada no chão e a gritar “Nós vamos na direcção errada!”… Uuuuiii. De morte. E depois aparecem para ai umas miúdas a dizer que a malta gosta da série por causa das gajas… Humpf…! “… Look on my works, ye mighty, and despair!”!

Não vi nenhuma gaja nua neste clip e não é por isso que deixam de ser 45 segundos geniais. E só para recordar, fica abaixo o final da série anterior. De ir às lágrimas…

Galactica o filme? Mais Galactica? Razor é o nome. “Mas a Galactica não era aquela coisa das naves espaciais e dos robots?” pergunta-me um colega… O mundo mudou. O nosso e o deles. A Galactica é agora algo de muito mais adulto. E não. Não se trata das novas (velhas) personagens interpretadas por mulheres, loiras, morenas, esculturais ou por homens saídos da passerele sem aqueles penteados ridículos da década de 80 . Passem lá essa parte. Não tem nada a ver.


É politica, é religião, é drama a sério. E agora vem em filme. A estrear em Novembro próximo, Razor conta a história da nave Pegasus e do caminho que esta tomou aquando do ataque Cylon até se juntar mais tarde à Galactica (dos episódios mais apreciados da segunda série de Battlestar Galactica). Apesar de não ser uma continuação da terceira série, alguns dos factos neste filme serão decisivos para a acção da quarta série a estrear em Fevereiro de 2008.

Razor traz de novo aos ecrans a Almirante Helena Cain (interpretada pela magnifica Michelle Forbes) que morreu no episódio Resurrection Ship Part II mas que deixou muitas saudades nos fans da série. Talvez para manter a memória da Almirante viva consta que em Razor, Cain mantem uma relação lésbica com Gina (a Numero Seis interpretada por Tricia Helfer) Mas nem só de tripulantes da Pegasus vai viver Razor. Ao que consta vamos poder ver outras caras conhecidas de Galactica e até conhecer alguns detalhes do seu passado (a primeira missão de Lee Adama por exemplo) com flashbacks que irão até à Guerra dos Cylons original.

O lançamento de Razor (que será pouco tempo após a sua estreia na televisão lançado em DVD), vai fazer-se acompanhar de alguns “minisodios” (mini-sodes como lhe chamam os americanos) com dois ou três minutos cada, a serem transmitidos em Outubro no Sci-Fi Channel (e que estão também disponiveis na Internet) onde poderemos ver cenas da juventude do Almirante Adama e onde este descobrirá uma arma Cylon que o irá atormentar para o resto da vida (o que será?). A ideia segue a estratégia de sucesso dos webisódios (Battlestar Galactica: The Resistance) lançados pela Sci-Fi na transição da segunda para a terceira temporada da série.

Como facilmente se percebe, muito está ainda para vir do universo Battlestar Galactica. Ainda que, como em quase todas as boas séries, tenha tido alguns momentos menos bons na terceira temporada, a quarta está quase a chegar e mesmo que seja a última, esta será definitivamente (e tal como a série original) uma série a recordar.

Por enquanto fica o trailer de Razor e como pérola adicional, um pequeno filme sobre “as mulheres da Galactica”. serve também de boca descarada para uma certa loira que um dia me disse que entendia bem porque é que eu gostava tanto da Galactica… Embrulha.

Battlestar Galactica - Crossroads Part II

“Como todas as coisas humanas, a Justiça é imperfeita. Tem falhas e imperfeições. Mas são precisamente essas imperfeições que nos distinguem das máquinas e que talvez tornem a nossa espécie digna de salvação.”
– Juiza no julgamento de Gaius Baltar

Que final meu Deus. Que agonia será agora esperar 10 meses (mesmo 10 dias que fossem). O vicio é alimentado pela qualidade. Frases como “Let’s make a Cylon baby” ou “I want a toaster love” fazem cada vez mais sentido. E este episódio “Crossroads Part II” de Battlestar Galactica… É quase como se eles não estivessem lá, perdidos no meio do espaço. É quase como que um episódio de Teias da Lei mas muito, muito à frente… O discurso da testemunha final (quem diria???) é hipnotizante. Lá, sentados no lugar do Juiz, decidiríamos nós de diferente forma?

A entrada do Coronel Tigh e da Tory Foster na Sala de Comando, as suas disponibilidades apresentadas… A cena é de outro mundo. Eles acabaram de se consciencializar de que são na realidade máquinas, iguais às que tanto odeiam.

E a música? O efeito desta enquanto os Vipers saem dos tubos de lançamento? Mesmo quem nunca gostou do senhor Dylan (haverá quem?), mesmo quem nunca ouviu o Hendryx. Aquela música, All along the Watchtower, foi feita, premonitóriamente, para aquele momento.

O aparecer da Starbuck (a fazer lembrar uma entrada de nave espacial série B, década de 60, puxada por arames, ocupando o ecrã todo) sem ser esperada mesmo quando todos sabemos que só pode ser ela e mais ninguém a sombra que foi avistada pelo Apollo. A serenidade com que ela lhe diz, nos diz, para não nos preocuparmos, que ela nos vai levar à Terra. Um anjo, nuvens brancas, um riso.

Para quem nunca viu Battlestar Galactica está aqui um episódio para se apaixonar.

Nota: Este post foi escrito muito, muito a quente. Já revi o episódio 3 vezes e certamente ainda há muito para dizer mas fica para mais tarde. So say we all.