Sim, que isto de ser pai, tem muito que se lhe diga… E como ser pai não é só receber mimos e beijos doces, pareceu-me uma altura tão boa como qualquer outra para exercer outra das funções de pai: a de educador.

Confesso que já não sei porquê, mas esta manhã, ao entrarmos para o carro, referi a expressão Crazy Train. Daquelas coisas que eventualmente não teria qualquer sentido considerando que, nem de perto nem de longe, falávamos de comboios.

Pergunta-me a Patrícia:

“Pai, de que é que estás a falar? O que é o Crazy Train?”

Ora bem, este é um daqueles momentos verdadeiramente estranhos mas que podem (e certamente acontecem) acontecer na vida de qualquer pai. Chegou a hora de explicar à Patrícia o que é o Crazy Train.

São 8 da manhã. Pai que é pai faz aquilo que tem que ser feito. Saca do telefone, vai ao Youtube e…

“Filha, este “avozinho” continua a dar música a muita gente. Importante é aprender que, independentemente do tipo de música pela qual se tem preferência, há boa música em todo o lado, em todos os géneros. Esta por exemplo, é uma boa música.”

A explicação sobre a paranóia da Guerra Fria, as armas nucleares, o Nash equilibrium e o John von Neumann ficam para mais tarde, com tempo.

Ainda assim, fiquei com muita vontade de propor à nossa filha uma sessão de cinema caseiro este fim de semana: Cobertores, pipocas e Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb.

Muito mais que isso ao que parece. Aquilo que alguns veem como mais uma exploração da sexualidade na Cultura Pop, outros estão já a ver como uma exploração da deficiência física por essa mesma Cultura Pop.

Viktoria Modesta Sexualidade e Cultura Pop
Fotografia de Ewelina Stechnij / Chilli Media,

Eu, volto a lembrar as aulas do Professor Jorge Martins Rosa e todas as leituras que fiz em torno da Cibernética e da evolução do Humano, do Norbert Wiener à National Geographic. Volto a pensar e a perguntar, se não será já hora de se debater este tema a sério…

Viktoria Modesta diz:

When people say, ‘How is she different from some other female artist out there with hardly any clothes on’… Well yeah, that’s exactly the point. I’m human, I’m just like everybody else.

Nota: este video foi realizado por Saam Farahmand no âmbito da Channel 4 Born Risky Initiative.

E vocês? O que pensam sobre o assunto?

Miles Davis Sketches of SpainHá dias assim. Há dias melhores e dias piores. Há dias bons e dias menos bons. Há até dias maus. E há músicas que encaixam perfeitamente nesses dias. Sejam eles bons, maus ou nem por isso. O disco Sketches of Spain de Miles Davis tem algumas dessas músicas e, como sei que todos nós temos por vezes “dias assim”,  hoje gostava de vos apresentar uma delas.

O Concierto de Aranjuez

Não será fácil imaginar a viagem desde os jardins do Palacio Real de Aranjuez, na Madrid do século XVIII, até a East 30th Street na Nova Iorque dos anos 60 mas, tal é a beleza da obra escrita por Joaquín Rodrigo em 1939 entre sonhos e pesadelos, que da guitarra clássica chegou ao trompete de Miles Davis, dando-nos a cada nota uma imagem do tal jardim, dos recantos floridos, dos lagos de agua corrente, dos pássaros a cantar mas também das sombras entre frescas e frias e do escuro que fica quando cai a noite. Miles Davis disse que ouviu o Concierto de Aranjuez pela primeira vez quando um amigo o pôs a tocar numa das suas digressões pela costa oeste norte-americana e que depois disso o ouviu durante semanas até que não o conseguisse mais tirar da cabeça. Ouve-se e percebe-se porquê.

A música mais longa

Pegando no segundo movimento do Concierto, o adagio, Davis cria juntamente com Gil Evans, a mais longa musica do disco, com uma duração de 16 minutos e 19 segundos mas leva-nos ainda assim, numa suavidade por vezes quase angustiante, a escutar na esperança que não acabe, que dure só mais um pouco, tal é a constante promessa de que melhores dias virão… Ou nem por isso. Assim é a vida. Assim é o jardim.

Tal como num jardim, também aqui há uma ordem. Preparem-se para um fantástico trabalho de orquestra, o tal encadear da natureza que, com todos os sons disponíveis, cria uma tela imbricada que nos envolve de tal forma quase nos levando a acreditar que ali, está tudo o que existe. Não é o típico jazz de Miles Davis, não é a obra do improviso a cada tempo, houve até quem chegasse a perguntar se era realmente jazz. Miles Davis respondeu “É música, e eu gosto.”.

Tivesse a Granada Television pensado em algo deste género nos tempos do saudoso Jeremy Brett e o conceito de Transmedia podia ter evoluído muito mais depressa… Mas fica a nota BBC: Ainda vão a tempo. O Sherlock Holmes de Benedict Cumberbatch também não está nada mal…

E ainda há quem pense que os fãs não participam em Who…

Bohemian Rhapsody é uma das mais reconhecidas músicas no mundo. E é um reconhecimento merecido. Star Wars é um dos filmes mais reconhecidos no mundo, e ainda que as opiniões possam divergir, também penso que é um reconhecimento merecido. Uma Bohemian Rhapsody: Versão Star Wars parece-me um desenvolvimento lógico.

Os alunos da Faculty of the Digital Video Program na University of Advancing Technology em Tempe, Arizona, criaram este video que rapidamente se tornou um sucesso contando já com cerca de 1.600.000 visualizações só no Youtube.

Que sirva de inspiração a outros alunos, de outras faculdades, que também estudam coisas como video e cinema… Sim, nem tudo tem que ser em torno do pré-Realismo Socialista ou da Nouvelle Vague francesa…