Eu já tive as mais variadas discussões sobre o tema. De gente que nunca provou sushi a gente que gosta de comer sushi todas as semanas, passando por gente que simplesmente pensa que é expert no assunto. Eu não sou. Mas ainda assim, já comi sushi em vários sítios, aliás, já comi sushi em vários países diferentes(ainda que, infelizmente, nunca no Japão) e já deu para perceber alguns pequenos detalhes que, em casas tidas como bons restaurantes japoneses, são um ponto comum.

Coisas como, comer os nigiris (pequenos pedaços de arroz cobertos com peixe) à mão ou  não misturar o wasabi no molho de soja, são instruções básicas que já me foram referidas mais que uma vez (não que fosse necessário, pelo menos no que à tal mistura de wasabi e molho de soja se refere – como conseguem?).

Referente ao tema, vi o post que o Prof. Jorge Rosa deixou um destes dias no Facebook e aproveito para publicar aqui também, o vídeo que o referido post apresentava. Como comer sushi.

Já há pela web uma série de reviews ao restaurante Sofisticato mas mais uma não faz mal e além do mais todas as que por ai aparecem referem as pizzas. Fica a nota: Não há pizzas na actual ementa do Sofisticato. Não há nem fazem falta. Mas isso mais adiante.

Sofisticato. Em Santos. E sim, é sofisticado. Basta passar à porta para perceber mas assim que se passa “pela” porta acabam-se as dúvidas caso existam. Recebidos à chegada pela encantadora Sara e pelo não menos simpático Samuel, é-nos indicada a nossa mesa. Foi reservada a de canto ao fundo da sala. Boa escolha para uma noite descontraída e disponível.

Restaurante SofisticatoA sala só por si é um luxo. Um ambiente cosy, moderno, linhas direitas com toques de dourado a darem a pitada de classy que a casa inspira. As vigas de ferro à mostra são colmatadas com meia pintura a roxo mostrando uma robustez com gosto. As mesas são cuidadosamente apresentadas, o padrão da toalha batendo com o padrão do guardanapo e que prazer é fugir ao guardanapo branco. Nada contra é certo mas, uma cor, um padrão, é sempre bom para variar. Aqui foi.

A ementa é-nos apresentada numa moldura dourada. Os luxos não devem ser modestos. E a sofisticação com classe é um luxo a merecer nada menos que uma moldura dourada. Outra moldura vem à mesa com a carta de vinhos. Uma nota para esta onde maioritariamente se apresentam vinhos italianos sendo de contar com dois ou três portugueses e duas escolhas a copo (uma de tinto e uma de branco) que não constam da carta. Não será porém preocupante pois em caso de desconhecimento a explicação e conselho de qual o melhor vinho para acompanhar determinado prato é prontamente dada.

Para a mesa o azeite balsâmico e o pão para entreter mas mesmo sem ele ficaríamos contentes. Guloso por demais, valeu o rápido serviço ou mais teria sido comido o que roubava espaço ao prazer das iguarias por vir.

De entrada um Carpaccio dello Chef, finas fatias de novilho cru, com pequenas lascas de cogumelos frescos, queijo parmesão, cortes de aipo e molho de mostarda em grão. Acreditem, entendidos ou não, deixem lá a rúcula para os coelhos. Entre o aipo e a mostarda venha o diabo e escolha. Uma combinação de outro mundo.

Para a mesa vieram também as Polpette di Parmigiano e antes que as apresentem digo-vos já que só por si, estas bolinhas davam uma excelente refeição. São umas almôndegas, de bom tamanho, panadas, de queijo fumado, queijo parmesão e fiambre. Em dose grande para entrada, estas densas iguarias são de um ligeiro picante (dever-se-à ao queijo fumado) que vai tomando conta do paladar aos poucos. Tal como referi atrás, só por si, uma refeição.

A cada prato entrado a apresentação devida e o cruzar de conversas é constante. Quer a Sara quer o Samuel são bons conversadores e com noção dos timings. A casa é evidenciada mas acima de tudo fala-se da experiência da mesa, do comer, do beber e do estar.

Eis os pratos principais. Risotto Verde. De grão graúdo com espargos silvestres e espinafres, alho francês em boa dose e um toque de manjericão. Verde sem qualquer dúvida. Consistência ideal, o prato mais não mostra porque risotto é risotto. Muito bom e fica a dica: Um só toque de decoração. Não distrai do conteúdo e ajuda aos olhos que como sabemos, também comem.

No SofisticatoE é chegada a vez do Spaghetti Neri Alla Astice que é como quem diz, um prato de esparguete negro, meio lavagante aberto e com casca, algumas gambas (estas descascadas como pede o bom senso), boa dosagem de ameijoas frescas e limpas e muito tomate cherry, flambeado em brandy e vinho branco. A experiência do marisco com a massa é, infelizmente, pouco usual por terras lusas mas, tal como nos disse o Chef, Alessio Carrer, não é fácil cozinhar esta mistura, tem “segreto“. E uma coisa é certa, funciona. E de que maneira.

Infelizmente era o único a beber (entenda-se beber como beber e não provar que foi o que fez a Susana) e seria quase sacrilégio pedir uma garrafa de um qualquer dos italianos da carta e deixar por meio (o quente da noite não chamava a grande aventuras etílicas) e assim sendo optei pelas sugestões do copo sendo que provei um Fiuza 3 Castas para o branco e um Quinta da Alorna para o tinto. Acompanharam devidamente sem um qualquer encanto especial mas seria esperado. A refeição pedia algo mais no liquido e garantidamente a próxima visita ao Sofisticato vai proporcionar tal momento.

Para sobremesa, porque apesar de satisfeito uma refeição deste calibre não podia fechar sem uma sobremesa, a escolha recaiu sobre a Panna Cotta com molho de frutos vermelhos. De entre as opções a mais leve ainda que havia por lá uns pêssegos que ficaram a tilintar mas que da próxima não escapam. A Panna Cotta estava especialmente boa, com uma textura e densidade que há muito não provava em tal doce e completamente em sintonia com a espessura do molho.

A refeição terminou como de costume com um café e um garoto que, não vindo tão claro como o requerido, pela excelência do serviço, simpatia e qualidade da comida, não mereceu novo pedido. A acompanhar dois cálices de Limoncello, oferta da casa, para complementar o gostinho a Itália.

Resumindo, a experiência no Sofisticato foi verdadeiramente boa. A disponibilidade da casa serviu para criar relação o que é particularmente interessante neste tipo de restaurantes em que, com alguma familiaridade se descobrem facilmente pérolas escondidas da carta. A sugerir e voltar garantidamente.

Restaurante Sofisticato
Tipo de cozinha: Italiana / Toque de autor
Horário: De terça a quinta e Domingo, das 18:30 às 23:00 – Sexta e Sábado, das 18:30 às 24:00
Preço médio: 35€
Morada: Rua São João da Mata 27, 1200-846 LISBOA
Telefone: +351 213 965 377
Pagamento: Numerário / Cartões

E desta vez parece que a aventura em Nova Iorque não acaba mais. Sim, para além dos relatos anteriores ainda há muito para contar. O titulo do post é claro sobre o que aqui hoje escrevo:

Comer em Nova Iorque

Já tive a oportunidade de referir a muito boa gente que comer em Nova Iorque pode ser complicado. Não que não haja o que comer. Há e muito. O problema do comer em Nova Iorque é que comer como se come por cá pode ser muito muito caro e comer mais barato não será certamente para todos os gostos. Para nós não era novidade mas mesmo assim desta feita resolvemos experimentar coisas que da outra vez não provámos.

Já na companhia do Ricardo (vão lá dar um pulo ao Mentes Brilhantes que vale bem a pena) e da Ana, logo na noite em que eles chegaram a Nova Iorque, fomos jantar ao Coppola’s. Aberto na zona de Gramercy Park (relativamente perto do hotel onde ficavam os nossos amigos) há cerca de 10 anos, este Coppola’s é a versão elegante de um outro Coppola’s aberto há mais de 20 anos no Upper West Side.

Confesso que na entrada ainda pensei se “haveria mesa” para nós. Entre engravatados de fato escuro e meninas de vestido de noite (e transsexuais – ou shemales como lhe chamam por lá – de muito boa pinta), nós os 4 seriamos os únicos de jeans por ali. Não foi impedimento. Porta aberta e uma relações públicas (loira, no topo do seu metro e setenta e muitos) recolhe os nossos casacos e logo de seguida nos indica a mesa aparentemente uma das poucas vagas na casa.

Pela mesa e ambiente em geral, bem antes da carta na mesa, já se percebia bem que não estávamos num dos restaurantes mais baratos da cidade mas como em todas as nossas viagens, há extravagâncias que se fazem por gosto pois são aquilo que levamos connosco no dia em que não formos a mais lado nenhum… E por que si. Adiante…

Para a mesa cesto de pão e azeite aromatizado. Atempadamente (dando o tempo necessário) vem a carta e o pedido da bebida. Agua como se quer, uma garrafa se faz favor, mas rapidamente reparamos que agua por agua, por lá bebem agua a copo, del cano como lhe chamamos por cá. Não me lembro o preço da garrafa mas lembro-me de na altura comentarmos que seria essa a razão da escolha dos nova-iorquinos. Mas comida italiana não combina com agua e resolvemos experimentar um Coppola’s tinto. Vinho seco da Califórnia não desapontando não deixou particular recordação.

Para entrada pedimos um Carpaccio. Fillet Mignon finamente cortado em cama de rúcula e com muito queijo parmesão ralado grosso, regado a azeite e sumo de limão. Venha mais se faz favor. Não veio mais Carpaccio mas veio uma Insalata Caprese muito bem servida de mozzarella fresca, tomates fatiados, manjericão e tomate seco regado a azeite. Igualmente muito boa.

Infelizmente não me lembro dos pratos todos que vieram para a mesa. Melhor dizendo, só me lembro do meu prato mas sei que todos nós saímos do Coppola’s com a mesma opinião: Grande restaurante. Ora bem, o meu prato foi então algo chamado Linguine Fine all’Aragosta que é como quem diz, massa linguine de ovo e de espinafres, servida sobre uma lagosta aberta, camarões descascados e cortados tamanho família, e temperada com um molho à base de vodka. Será preciso dizer mais? Acho que sou capaz de lá voltar porque tão cedo não esqueço aquele prato de tão bom que estava.

E sim, para os que possam perguntar sobre o teste do algodão, ou seja, sobre se o garoto veio efectivamente claro digo-vos que, não só veio para a mesa um café com leite muito claro como o expresso foi dos melhores que por Nova Iorque bebi.

Comida, bebida e… Música.

É em Nova Iorque que fica senão o mais famoso, um dos mais famosos bares de Jazz do mundo: O Blue Note. Já há mais de 25 anos que este bar em Greenwich Village faz as delicias de todos quantos apreciam “aquela música maluca”… Já na nossa anterior viagem a Nova Iorque por lá tínhamos passado mas desta vez decidimos lá voltar e para além do espectáculo, apreciar também o famoso jantar Blue Note.

Apesar de termos feito reserva ainda que tivemos que esperar à porta. O Blue Note tem espectáculos às 8 da noite e às 10. Como tínhamos as reservas para o espectáculo das 10 tínhamos que esperar o vagar das mesas. Compensa. Antes isso do que ir ao espectáculo das 8 e sair à hora certa para dar lugar a quem vem…

Assim que entramos, casacos no bengaleiro (a 1 dólar cada) e de imediato somos levados à nossa mesa. Ao longo da noite verificámos que aquela talvez não fosse a “nossa” mesa uma vez que houve grande disputa da mesma por clientes aparentemente regulares e dispostos a pagar… Ainda assim lá ficamos, naquela que aparentemente era a melhor mesa da sala.

A simpatia fez-se notar na jovem que servia a nossa mesa: Ciryl acho eu. A loira sabia agradar com um sorriso e a meter conversa. Calamares de entrada em boa dose para quatro e acompanhado por um Rioja, Loriñon Reserva 2003 na esperança de algo parecido com o nosso tinto. Os calamares estavam óptimos mas o Rioja deixou muito a desejar. Ainda a musica mal tinha começado e já estávamos a pedir a segunda rodada. Desta vez optámos por um tinto californiano e ao escolhermos um Calix Cellars 2004 Syrah diz de imediato a Ciryl que foi muito boa escolha e certamente iríamos gostar. Não nos enganou. Entre o travo a chocolate e o gosto do carvalho este vinho de Napa Valey é uma verdadeira surpresa. A produção de Calix Cellars 2004 Syrah foi de 510 caixas de 6 garrafas cada. Já não há mais.

Vem a comida para a mesa e posso dizer-vos que quase certamente comi no Blue Note um dos melhores bifes da minha vida. E ao mesmo tempo começava o espectáculo. Bill Frisell e os seus convidados ofereceram-nos duas horas do melhor saxofone, piano, guitarra e bateria que se pode desejar. Como extra um fantástico espectáculo de sapateado de improviso que nos lembra estarmos na cidade das oportunidades em que, mais do que em qualquer outro sitio, os talentos estão ali, ao virar da esquina…

A noite no Blue Note acabou de bom modo, para nós e para a empregada que, ao contrário do que pensava a Ana, sempre levou mais do que a gorjeta obrigatória.

E se for assim mesmo à americana?

Cada vez que falo em comida e Nova Iorque é certo que alguém me vai falar em McDonalds. Acreditem que a presença da marca não é assim tão visivel quanto e se calhar, mais à americana do que uma ida ao McDonals será uma ida ao Dallas BBQ. E é bem difícil não dar por ele em Times Square. O espaço é enorme mas muito organizado com empregados que através de inter-comunicadores identificam mesas vagas e gerem o fluxo de clientes. A primeira coisa que se nota é o destaque que se dá às Margaritas. É tanto que não resistimos à tentação. Preparem-se: Copos gigantes com uma bola de sorvete ao meio e ainda acompanhados por uma pequena proveta com uma dose adicional de Tequilla. Duas são um perigo.

De entrada vieram para a mesa o que chamam de Crabcakes. Famosos por aquelas bandas, estes bolinhos de caranguejo tal pasteis de bacalhau, não são nenhuma especialidade. Comem-se. O que veio depois, isso sim, é de regalar os olhos e pensar se cabe tudo. Uma vez mais só me lembro do meu prato (deveria dizer: travessa?) mas penso que seja suficiente para terem uma ideia: Um enorme bife de vaca, rodeado de algumas tiras de entrecosto e grandes camarões fritos a acompanhar. Tudo isto sobre uma cama de pão de milho e palitos de batata doce frita. Um dado a reter sobre o Dallas BBQ: é um dos sítios onde se come “barato” em Nova Iorque.

Ainda sobram mais umas incursões gastronómicas para revelar mas ficam para outro dia que o texto já vai longo. Mais uma vez, o relato sobre Nova Iorque continuará num outro post, no sitio do costume: aqui.

Ele há dias especiais e nesses dias nada como um sitio especial, daqueles que, mesmo que muitos anos se passem, seja sempre possível recordar.

Viver em Lisboa foi nossa escolha. A primeira grande escolha da família to be que ainda não o era. E viver em Lisboa tem, entre mil outras coisas boas, a vantagem de poder olhar para a outra margem do Tejo, saber que ela lá está. Tal como o sitio onde jantamos no outro dia.

Saídos da ponte sobre o Tejo Almada está mesmo ali ao lado (do lado certo costumam eles por lá dizer) e apontando o carro à cidade velha, dali às muralhas é um pulo. Quem lá quiser chegar de outra forma bonito é também o passeio de barco a atracar em Cacilhas, seguir pelo cais do Ginjal (boas e muitas horas por lá passadas) até ao elevador panorâmico. Subindo já lá está… Pelo menos lá perto.

Adiante que é de estar e comer que aqui se escreve hoje.

O Amarra ó Tejo é agradável só de ver. Mesmo junto à falésia virado ao rio, as grande paredes envidraçadas prometem só por si uma agradável estadia. A vista de Lisboa com a ponte ao fundo é já sobejamente conhecida mas se acompanhada de um pôr-do-sol de Verão (entre as 20 e as 21 à data) torna-se algo de quase indescritível… É o antever do que se segue com as luzes da cidade a iluminarem o azul da noite…

Entrados, sentados nota-se de imediato algum esmero e cuidado na apresentação das mesas. Não é de um luxo ostensivo mas de primor pelo serviço. As cartas chegam à mesa e essas mereciam já algum cuidado adicional. Não que a comida se possa medir pela qualidade do papel em que é apresentada mas o comer dos olhos aprecia a refeição do principio ao fim…

Passámos a abertura pois não nos chamou ao gosto a normalidade da Caipirinha (ainda que com espumas a acrescentar). Já o couvert trazia consigo um queijo de Azeitão que marcou a qualidade. Não sei casa nem valor mas o sabor não deixou amargo de boca. Pelo contrário.

De entrada apostámos no gosto de quem já conhecia indo para o Pastel de queijo de cabra que se fazia acompanhar de um doce de mirtilios mas que mesmo sozinho não faria má figura. Vieram ainda para a mesa os cogumelos recheados com queijo derretido e bacon. Ainda que não seja uma especialidade nunca antes vista, estavam de sabor e confecção em geral, muito bem conseguidos.

Já esperávamos a ementa apresentada pois conhecendo a minha particular predilecção por carnes, todos quantos nos referiam o restaurante em questão nos falavam dos peixes. É deles que a carta tira o brilho. Poucos pratos, dão a entender o cuidado e tempo que se poderá dedicar às escolhas.

Entre os propostos escolhemos os Filetes de Peixe Galo com açorda de ovas do mesmo e Tamboril em molho de Navalheiras acompanhado de Puré de Salsa.

Apresentação, sabor e frescura em qualquer um deles é ponto de honra certamente pois só assim se justifica a presença de todas em tudo quanto foi servido. Os filetes de Peixe Galo, em bom numero, num dourado de quem foi frito em óleo de primeira mão estavam deliciosos e a açorda de ovas não ficava atrás com uma consistência perfeita e um sabor de igual valor. O Tamboril fez-se representar por dois bons pedaços igualmente frescos e saborosos. O molho de Navalheiras, tivesse um pouco mais marcante e seria estrela na refeição. Foi só complemento. O puré de salsa compunha o prato e dava peso à refeição. Dificilmente se arranjaria melhor acompanhamento.

Também por sugestão, o vinho foi o da casa. Um Dona Ermelinda branco 2007 que pela frescura e equilíbrio nos encantou. Com um toque de fruta e uma madeira muito leve, este vinho da zona de Palmela deixa um toque escorregadio mas lento pela boca e visível no copo. Uma boa escolha.

Na sobremesa desapontou-nos a falta de possibilidade de nos prepararem o Pastel de Chocolate. A carta avisa-nos que a preparação deste depende do serviço que haja e a casa estava efectivamente cheia… Veio em substituição um clássico semi-frio de nata e molho de chocolate (preferiria chocolate negro ao de leite que somou mais doce à nata) e uma magnifica flute de sorvete de limão. O ponto desta assemelha-se mais a uma espuma do que ao solidificado sorvete mas mantém o sabor. Uma agradável surpresa.

Para finalizar, o café e o já esperado garoto. Noutros textos já tenho escrito a importância que damos ao garoto. Este pode ser (e efectivamente é) razão para não mais voltar a uma casa tais as situações que já temos encontrado. Tal como sempre pedimos um garoto muito, muito claro. Complementamos o pedido com “Só leite quente e uma pinga de café.”. É servido demasiado escuro. Vai para trás. Pedimos que nos tragam só leite quente. O leite veio mas infelizmente não sabia bem. Não nos pareceu que estivesse azedo mas o sabor do leite era demasiado forte (talvez leite gordo mas mesmo assim, era forte demais) e mesmo com a gota de café não se conseguia beber.

Detalhes como este podem estragar uma fantástica experiência. Não foi o caso ainda que ficasse de memória. Tudo o resto nos agradou sobejamente e nos deixou garantidamente com vontade de voltar.

Amarra ó Tejo
Jardim do Castelo
2800-046 ALMADA
Telf. 212730621
Terça a Domingo das 12h30 às 15h00 e das 19h45 às 22h30 (encerra Domingo ao jantar).

Update: Este texto foi também publicado no site no prato com

Um fim de semana de contrastes é a melhor forma de definir a experiência gastronómica de Sábado e Domingo passado.


O Sábado foi celebrado (numa ténue referência ao Dia Internacional da Mulher) com uma visita a um restaurante vegetariano (a segunda deste ano) ali na Av. José Malhoa. Green Pepper. Um ambiente muito agradável com uma decoração moderna e simples e uma musica ambiente a condizer eram complementados com simpatia. Explicado que estava o funcionamento da casa (buffet livre e pratos à la carte) é sugerido o sumo do dia (laranja e banana) e sirvam-se se faz favor. Sendo que sou avesso a coisas como tofus e sojas que não rebentos pensei por momentos ficar limitado a folhas de alface e rodelas de tomate mas rapidamente se esfumou a impressão (o termo talvez não seja o mais correcto mas enfim…) com o buffet apresentado. A sopa de alho francês estava deliciosa. Não investindo o paladar em coisas que me são mais estranhas como legumes estufados, arroz integral ou até mesmo pimentos recheados fiquei pelas saladas compostas com grão, feijão, pepinos e cebolas e fiquei muito bem mas garante a Susana (para quem deambulações pelo vegetarianismo são mais facilmente aceites do que por mim) que estava tudo o resto muito bom.

Sendo que ao almoço a escolha de buffet é tipo menu fixo, o preço foi igualmente uma agradável surpresa deixando-nos a caminho de casa com a sensação de que estávamos bem em todos os sentidos.

Já o Domingo iria deixar-nos com uma sensação radicalmente diferente ainda que extraordinariamente boa. Combinámos com um grupo de amigos um almoço em grande. Levar os miúdos e fazer uma daquelas refeições prolongadas. O sitio escolhido foi o restaurante “A Escola” em Cachopos perto de Alcácer do Sal.

O edifício só por si inspira certa graça. ainda que de entre os presentes ninguém tivesse estudado em tais escolas, todos nós reconhecíamos as instituições Estado Novo em que estudaram os nossos pais. A letras ainda lá estão a anunciar a “Escola Primária”. Entra não entra espera não espera está lá servido e pronto a beber o moscatel da região (Setúbal) para ajudar a passar o tempo. Junta a este a ardósia de outros tempos e uma ou duas carteiras das antigas estrategicamente mantidas para dar um toque de encanto a todo o restaurante. A reserva feita com algumas semanas de antecedência revelou-se uma grande mais valia. Não só não havia mesa vaga (a não ser as nossas que aguardavam) como quem atendia o telefone à entrada repetia insistentemente que não tinha como sentar mais ninguém sem reserva).

As entradas chegaram à mesa em forma de cenoura aberta, linguiça frita, pimentos desfiados, salada de atum envinagrada enfim, uma série de pequenas delicias. Pouco depois (dando ainda assim tempo a que se repetissem algumas das iniciais iguarias) chegavam os peixes. Arroz de choco com camarão do rio. Um choco delicioso, suave sem ser mole acompanhava um arroz solto e caldoso que a toda a gente agradou. Seguiu-se um ensopado de cherne. Houve logo ideia por alguns de que pão molhado não era comida de bom gosto mas provado que foi o ensopado com o tal do pão torrado lá dentro e o cherne no ponto, a ideia se desfez e poucos foram os que não repetiram.

Em ritmo correcto vieram depois as carnes começando por um magnifico entrecosto com batata de rebolão. Foi comer até fartar (que havia sem duvida comida à farta). Como nestes almoços parte essencial da festa é a conversa, ainda alguns de nós mal tínhamos provado a tal batata e já estava outra pérola da casa em cima da mesa. Empada de coelho bravo. Com um aspecto fenomenal e um sabor que em nada lhe fica atrás, este foi para muitos dos presentes a estrela da tarde. Pela minha parte tudo o que veio à mesa fez brilhar a constelação d’A Escola. Mas sim, esta empada era algo de outro mundo.

Vieram por fim os doces em forma do já tradicional pijama ou seja, as travessas com um pouco de tudo o que é tradicional pelos campos do Alentejo (um pão de rala memorável até para quem não gosta de gila) e mais um pouco (um bolo de brigadeiro de chorar por mais). Para fechar em beleza foi servido um licor de bolota que faz qualquer um lá voltar por mais… 4 horas à mesa do melhor que se tem provado.

Antes da partida ainda deu tempo para que os mais novos brincassem um pouco (não fosse aquilo uma escola) entre escorregas, baloiços e cavalinhos de madeira…

A sensação já sobre a ponte Vasco da Gama era de que não haveria jantar para ninguém.

Restaurante A Escola
Estrada Nacional 253 – Cachopos
7580-308 ALCÁCER DO SAL

Telf: 265612816

(Siga Estrada Nacional 253.
Entre Álcacer do Sal e Tróia está a localidade de Cachopos, onde se encontra o restaurante.)

Restaurante Green Pepper
Avenida José Malhoa 14 Loja 2 – Lisboa
1070-158 LISBOA

Telf: 217260001