Antes de mais a questão: Porque chamar Harry Potter e o Príncipe Misterioso a um filme cujo nome original é Harry Potter and the Half-Blood Prince ? Convenhamos, não é difícil imaginar um qualquer estudante de magia com o inglês como língua nativa a marcar o seu livro de estudo com Half-Blood Prince. Certo, talvez um pouco convencido mas nada de outro mundo. Agora já me custa a acreditar que alguém escreva na capa do seu livrinho algo como “Este livro pertence ao Príncipe Misterioso“.

Harry Potter and the Half-Blood Prince

Adiante. Harry Potter and the Half-Blood Prince é, na minha humilde opinião, o melhor de todos os filmes da série até à data. Harry Potter cresceu em todos os sentidos e, fugindo à simplicidade de transpor para a tela o que já foi lido nos livros, revela-se aqui uma verdadeira obra gótica. Negra, romântica, dramática, um toque de humor e logo a seguir, mais negra ainda.

A maior maturidade deste filme é bem visível em várias situações mas para mim é a personagem Ginny Weasley (Bonnie Wright) quem marca o ponto de viragem quando mantém viva a paixão subentendida entre ela e Potter mas deixando-a sempre um pouco aquém. Antes, noutros filmes, não era assim. Nos próximos não será. Agora já estamos preparados.

Fiquei danado com o fim do filme é certo mas, ao contrário de outros em que o fim é pura e simplesmente parvo, em Harry Potter and the Half-Blood Prince fiquei danado porque não queria que acabasse tão rápido. E olhem que são duas horas e meia de filme.

Mal por mal, se por cá não se presta atenção suficiente a um filme quando chega a hora de lhe atribuir um titulo em Português, então que deixem o titulo original não embaraçando assim ninguém…

Não me vou esticar sobre Bottle Shock (que em Portugal como já perceberam, se chamará Duelo de Castas) a estrear por cá amanhã dia 11. Vi o filme em Dezembro passado aquando da viagem a Nova Iorque e foi precisamente graças a Bottle Shock que descobri os vinhos da Califórnia (leia-se a dica sobre o Calix Cellars 2004 Syrah que escrevi no relato sobre o jantar no Blue Note). Adorei. O vinho e o filme.

Bottle Shock ou Duelo de Castas

Bottle Shock conta-nos a historia de como um pequeno produtor de Nappa Valley superou em prova cega com o seu Chardonnay, os mais afamados e até então, únicos de registo, vinhos franceses.

Acreditem que vale muito a pena. Não se deixem enganar pelo manhoso titulo que em Portugal lhe foi atribuído. Tal como se refere na critica da Time Out Lisboa (sempre uma boa leitura), Bottle Shock é um termo que se refere ao efeito que o engarrafamento tem sobre o vinho e é precisamente isso que dá origem à grande vitória. Aliás, as castas em concurso pelo novo e velho mundo, são as mesmas.

A ver e assim que possivel, a rever, em casa, no sofá, acompanhado por um bom e solarengo Chardonnay da Califórnia.

A boa ficção cientifica deve ser baseada em boa ciência. Lembro-me de ter lido isto em algum sitio e de ter achado algum sentido à frase. Tanto que não me esqueci e uso-a com alguma regularidade…

Star Trek (O Caminho das Estrelas na versão portuguesa) é, à sua maneira, boa ficção cientifica. Não é hardcore sci-fi como diz o meu amigo Pedro Pinheiro mas é boa ficção cientifica.

star_trek_tos

Ontem no Twitter discutia com o Pedro Couto e Santos (e outros mais como o @Madril e o @trodrigues) um vídeo que anda por ai a correr em que a Death Star acaba com a USS Enterprise… É uma guerra antiga. Como bem referiu o Pedro, só aqui podemos encontrar 783 páginas de Star Trek vs Star Wars

Mas vendo bem a coisa, nem tinha razão de ser. Star Wars é entretenimento. Ponto. É bom, claro. Tem muito boa qualidade. Em todos os sentidos. Textos, interpretações, efeitos, tudo… Mas é entretenimento. A mim só me admira como demorou tanto tempo para aparecer um Jar Jar Binks

Star Trek vai um bocado além disso. Star Trek foi desde o seu inicio em 1966, uma forma de passar ao mundo mensagens que este devia ouvir. A influência cultural desta série foi decisiva para alguns direitos, liberdades e garantias na terra da democracia e por consequência, com grande impacto para o resto do Mundo.

O flower power estava na berra e com ele ideais como o da Paz Universal (não se discute aqui o carácter utópico de tal conceito) eram ponto de ordem em qualquer agenda de peso. Não é à toa que os Vulcanos, (povo com um passado de violência lá no seu planeta a 16 anos luz da terra) têm como lema “Vida longa e próspera”.

O amor livre era outro dos temas quentes dos anos 60 e 70. Foi também com Star Trek, no episódio “Plato’s Stepchildren” emitido em Novembro de 1968, que a América assistiu na televisão pela primeira vez a um beijo entre raças diferentes. O Capitão James T. Kirk (William Shatner) e a Tenente Uhura (Nichelle Nichols) são os protagonistas de uma “cena polémica” que se mantém até à data. Abanou moralidades…

Assuntos como a politica e a religião também eram frequentemente apresentados e quase sempre fugindo aos trâmites da altura. Devemos ter sempre em conta a sociedade conservadora e moralista da América de então…

O criador de Star Trek, Gene Roddenberry disse:

Ao criar um novo Mundo com novas regras, eu pude fazer fazer algumas afirmações sobre sexo, religião, Vietname, politica e misseis intercontinentais… Sem dúvida, nós fizemos-lo em Star Trek. Nós estávamos a enviar mensagens (…)

E ainda só estávamos na série televisiva…

19 anos separam a minha aquisição dos 2 livros da fotografia abaixo. A edição brasileira de Watchmen adquirida por cá em 1989 e a edição americana adquirida na Forbiden Planet de Londres em 2008. Vale sempre a pena rever como escreveu o Nuno Markl “este espantoso, apaixonante, complexo, arrebatador romance em BD chamado Watchmen”.

Mas este post é mais do que um reavivar da lembrança de que o filme impossível estreia no próximo dia 6 de Março. Este post é acima de tudo uma declaração de que há coisas que não se esquecem. O livro que ali podem ver, a tal edição brasileira, saiu para casa de um amigo há 10 anos atrás. Voltou este fim de semana. Agora vai descansar…

Watchmen - 20 years after

Vejam o filme abaixo e digam se não tenho razão. Com o típico look and feel de um noticiário televisivo dos anos 70 (para quem conhece o livro de banda desenhada sabe que faz todo o sentido) este filme relata a comemoração do 10º aniversário do Doctor Manhattan. Entrevistas de rua com um espírito bem possível na altura dão o toque final para a total credibilidade.

Assim se constrói um mito. Mais de 20 anos depois de Watchmen ter sido um sucesso na banda desenhada em todos os países onde foi editado, prepara-se agora para ser um sucesso a nível global com a apresentação do “filme impossível de ser feito” como muitas vezes ouvi dizer.