Pode parecer estranho, e logo vindo de mim, falar em ler sem remorsos. Que raio, ler é ler e ler nunca fez mal a ninguém (exceptuando talvez a uns quantos frades franciscanos num certa abadia do norte de Itália – perguntem ao Umberto Eco).

É verdade que ler nunca fez mal a ninguém mas devo admitir que nos últimos 3 anos, várias foram as situações em que me vi frente a um livro ou revista e pensei “Eu não devia ler isto agora. Tenho tanta coisa para ler…”, sendo que essa “tanta coisa” era sempre algo de alguma forma relacionada com o curso de Ciências da Comunicação.

Muitas foram as vezes em que dei a volta ao texto, argumentado comigo mesmo que, em última análise, tudo estava relacionado com o curso de Ciências da Comunicação, tudo quanto viesse à rede, seria peixe. Mais ou menos graúdo, mas tudo peixe.

E lá devorava a Monocle, a SFX, ou um livro do William Gibson… Mas deixava para trás os livros do João Pissara Esteves, os textos do Boaventura Sousa Santos e tantos outros (estes foram as minhas mais recentes escolhas certo. A necessidade a tal obrigou). E inevitavelmente, lá chegavam os remorsos. Devia ter lido aquilo…

The New Yorker Science Fiction Issue e Ray Bradbury

new yorker science fiction issue

Comprei esta edição da The New Yorker no dia em que por cá saiu. Uns dias depois de ter saído nos Estados Unidos, uns dias depois da morte de Ray Bradbury. Propositadamente não a li. Aliás, propositadamente não li nenhum dos muitos ficheiros pdf que surgiram no dia da morte do escritor, dando a conhecer ao mundo, a todos quantos não tinham lido a revista, o ultimo artigo de Ray Bradbury. Não o queria ler com remorsos. Guardei-a para mais tarde.

Levei a The New Yorker Science Fiction Issue para férias… Andei com ela de um lado para o outro mas…

Finalmente chegou o dia. Take me home é o nome do artigo que Ray Bradbury escreveu. Tal como ele, também eu me lembrei da casa dos meus avós, e também eu me lembrei de quantas palavras escrevo graças a coisas que com eles aprendi…

Tanto que gostei de o ler… Ler sem remorsos.

Como já vos disse, aceitei o desafio do Canal Syfy Portugal de ser um blogger-a-week, acompanhar a emissão canal Syfy durante uma semana e dizer de minha justiça o que gosto, não gosto e outras sugestões. Como podem imaginar, é algo que faço com um gosto tremendo e o que se faz por gosto… Adiante.

O tempo não chega para tudo, já sabemos. Sabemos também que há quem tenha como forma de ganhar a vida, ver televisão, comentar filmes e séries… Pois… Bons empregos, não é o que apetece dizer?

Para aqueles de entre nós com outros trabalhos, ocupações longe do televisor de manhã à noite, o pouco tempo que resta tem que ser bem gerido. Há outros afazeres, outras responsabilidades. Ora, diz-me o bom senso que, perante uma sugestão televisiva de gosto duvidoso, o melhor a fazer é procurar alternativa.

Filmes bons, menos bons, filmes maus e filmes bons de tão maus… e outros.

Diz-me a experiência que, ficar a ver um filme até ao fim na esperança de que, talvez venha a valer alguma coisa, é geralmente tempo perdido. Há situações em que, inexplicavelmente, somos levados a tal (é o caso do inenarrável Running Man, de 1987, com Arnold Schwarzenegger) mas partindo do pressuposto que as experiências com imagens subliminares estão efectivamente proibidas (a única razão que encontro para justificar a cena de Running Man), regra geral, é só perder tempo.

Ontem perdi tempo. Após dois episódios de Eureka, mais uma brilhante série original do Syfy, chega Alien Tornado ou, como lhe chamaram em Português, Tornados de Outro Mundo. Deusas, que coisa… Arnold Schwarzenegger volta. Estás perdoado. Trata-se de um telefilme Syfy, bastante recente, já deste ano mas que se fosse de há 10 anos atrás, dificilmente se notaria a diferença.

Nem tudo pode ser excelente. Gostávamos que assim fosse mas sabemos que não é. De quando em vez há coisas que são só boas, outras menos boas. Há também más e há ainda outras que, de tão más, podem ser boas. E depois há o Alien Tornado. Para terem uma ideia, aliens? Nem sombras…

Mal posso esperar pelo filme desta noite: O Corvo.

Alias, ou A Vingadora. Noites longas com a Jennifer Garner.

Pronto. Custou um pouco mas o tempo lá passou e, como que num acto de redenção, para compensar os Clientes mais fieis (ou pelo menos os que se deixaram dormir a ver Alien Tornado – a sério, não passem mais isto), eis que o canal Syfy nos oferece Alias. Jennifer Garner como Sydney Bristow? Que mais pedir? Alias, que em Portugal foi chamado de A Vingadora, é sem duvida uma boa escolha para o fim da noite.

Alias escolha do Pedro Rebelo no syfy

Série original da ABC, Alias é mais um fruto da prodigiosa mente de J. J. Abrams (que nos deu também Lost e Fringe por exemplo) e tal foi o reconhecimento que o publico teve por ela que durou 5 longas temporadas. O canal Syfy está agora a transmitir a 3.

Para os mais cépticos sobre o encaixe de Alias na categoria ficção-cientifica, só posso deixar uma dica: Vejam alguns episódios. Tudo ficará mais claro.

Para mim a noite acabou já passava da uma da manhã. No ar, Lois & Clark: As novas aventuras de Superman. Decidi não seguir. Nunca foi o meu forte (gosto da BD, gosto dos filmes, nunca me virei para a série).

Duas ultimas notas: A voz off masculina do canal Syfy e os teasers promocionais do canal.

Não sei se é a voz em si, o tom, a cadência… Há algo ali que não me soa a Syfy, ou pelo menos a Sci-fi. A sério. Não se arranjam alternativas? Até pode ser o mesmo senhor mas… diferente?

Quanto às animações dos teasers promocionais do canal Syfy, sabem, aquelas animações que passam nos intervalos e entre programas? Fantásticas. Umas mais simples, umas mais complexas mas todas elas muito bem enquadradas. Pequenos detalhes que contam para uma apreciação global.

Até agora, a gostar.

Fui convidado pelo canal Syfy Portugal a participar numa acção a que intitularam blogger-a-week e que basicamente se resume a isto: Um blogger é convidado a assistir ao canal Syfy durante uma semana e depois apresenta a sua opinião, sugestões, criticas, o que seja, sobre a programação, a grelha, etc

Como não sou de esperar muito quando tenho coisas a dizer (e quando me dão total liberdade para o fazer), vou começar já hoje a expor por aqui as minhas notas uma vez que comecei ontem nesta visualização sugerida.

Syfy.pt blogger-a-week Pedro Rebelo

Chegado a casa mais cedo do que o costume, pensei de imediato na tarefa a que me tinha proposto, ver o canal Syfy e bem pensado melhor feito: comando, canal 90 (no meu caso é 90, tenho Zon Iris).

Fantástico. Sou brindado de imediato com um dos maiores personagens da ficção cientifica britânica dos últimos anos: Capitão Jack Harness. Isto só pode ser um bom presságio. Não era Torchwood mas era um episódio de Dr. Who, uma série original da BBC mas que é um clássico do SyFy.

Bem, a emoção foi de curta duração pois a Patrícia chamou-me à terra lembrando-me que ao final da tarde o comando não é meu. É dela. Adeus Syfy olá Nickelodeon. Perdi Farscape. Noutro dia o apanho.

Perto das 20, Sanctuary. Uma série original do canal Syfy. Como tive oportunidade de escrever anteriormente, Sanctuary ganhou já um lugar na história como a série com a primeira temporada mais vista de sempre no site Syfy.com (qualquer coisa como 3.9 milhões de visualizações na página da série). Nós merecemos.

Segue a noite com Aventuras no Museu. Confesso que o nome dado em Português não me convence por inteiro e faz-me pensar na série como uma série mais juvenil. Bem, Unnatural History é uma série original do Cartoon Network, efectivamente dirigida a um publico mais juvenil mas, por outro lado, é também uma série agraciada em alguns países com um aviso aos pais, de que os seus conteúdos talvez não sejam os mais aconselhados para as criancinhas… Tem a sua piada mas, pelas 21h00, esperava algo um pouco mais… adulto.

Chega Warehouse 13. E eu que já vos queria ter escrito sobre Wharehouse 13 há tanto tempo. Wharehouse 13 é outra série original do canal Syfy. No seu terceiro ano de existência, conta já com 3 temporadas e está prestes a iniciar uma quarta (já no próximo dia 20, pelo menos nos Estados Unidos).

As aventuras dos agentes do Serviço Secreto Pete Lattimer e Myka Bering, destacados para um armazém no meio do nada no Dakota do Sul, onde se guardam e indexam os mais estranhos artefactos que o planeta conhece (sabiam que no espelho de Lewis Carroll’s vive uma criatura chamada Alice? Ou que a camera fotográfica de Man Ray captura a juventude do fotografado e pode transferir a mesma para outra pessoa?) continuam a cativar os espectadores. Uma escolha lógica para o Syfy.PT.

Já passava das 22 quando chegou A Guerra dos Tronos. Só por si merece um post (aliás, o mesmo se pode ou deve dizer da maior parte das séries que passam no Syfy) ou vários. Já não é novidade. A série é um portento. Confesso que não vi o episódio de ontem, já o tinha visto (não vamos por ai ok?) mas que importa? São todos bons. Uma série original HBO, encontra no Syfy o canal perfeito para ser apresentada.

A minha noite de televisão ficou por aqui. Amanhã há mais Syfy.

Um apontamento que não será de menor importância: É um prazer ter um canal de séries que não pára a transmissão ao final da noite. É certo que ontem eu já estava de rastos, a cabeça caia e os olhos mal se mantinham abertos mas, ainda assim, no Syfy, à hora que outros terminam a emissão, ainda há muito por ver, aliás, há coisas para ver até de manhã.

Pensem desta forma: Jovens universitários, geeks de formação. Voltam dos copos e que melhor para ver até adormecer do que algo fantástico ou espacial? Outros menos jovens, pais de família, geeks por tradição, que tiveram de suportar as infindáveis telenovelas dos canais generalistas, e os igualmente intermináveis concursos? Agora que todos lá por casa se deitaram, que o sofá se tornou reino, nesse momento solene, podem olhar do alto o esplendor do seu império (que vai normalmente do sofá à televisão) e dizer: Ainda há tanto para ver

E eis que mais uma vez sou surpreendido pela capacidade de abstracção da Patrícia.  Desta feita em torno dos extra-terrestres, mais precisamente da problemática marciana…

– Sabes pai, um dia vi uma coisa colorida no céu… Se calhar era um ovni.
– Se calhar era… Mas se fosse, qual era o problema? Os extra-terrestres não têm que ser obrigatoriamente maus…
– Mas se forem marcianos…
– Qual é o problema dos marcianos? Além disso, nós não sabemos se há marcianos… Ainda ninguém encontrou nenhum…
Não encontraram porque andam à procura das coisas que já conhecem… Pode haver marcianos mas com uma vida diferente, não humana, nem animal, diferente, e se não os conhecem não sabem como os procurar e assim não os encontram

A conversa descambou em invasões, umas mais pacificas outras nem por isso.

Eventualmente ainda caiu uma lágrima solta uma vez que podíamos ser invadidos por marcianos que fizessem mal ao Browser (o gato para quem não sabe). Nessa altura confesso que pensei se fiz bem em ter-lhe falado sobre Alf, o extra-terrestre de Melmac que um dia caiu no quintal dos Tanner. Cheguei à conclusão que sim. Fiz bem. E um dia destes vamos sentar-nos os dois frente à televisão, a ver as tentativas falhadas do alienígena a querer hipnotizar o gato da família

Alf e o gato Lucky

Não me lembrava se já vos tinha referido que gostava de Fringe. Nem me lembrava que já vos tinha dito que achava Fringe os X-Files do século XXI… E como tal, eis que aqui estou para vos dizer (e prometo que me calo logo de seguida que tenho ali mais um episódio para ver) que Fringe é definitivamente uma das melhores séries de ficção cientifica a ser exibida actualmente…

Fringe

Quem não conhece e gosta do género, faça favor de ir conhecer…