Lembram-se do que escrevi ontem? Fui vitima de uma fraude com o Cartão de Crédito Visa do Barclays Bank. Bem, não sei se a figura correcta será fraude. Mas também ainda ninguém do Barclays Bank me disse em que tipologia se enquadra a situação que lhes relatei e como tal, até indicações em contrário direi que se tratou de uma fraude.

A situação da fraude.

Em finais do passado mês de Maio detectei que foram feitos vários débitos na minha conta à ordem do Barclays Bank referentes a pagamentos percentuais do saldo em divida por movimentos feitos com o meu Cartão de Crédito Visa. Como não tinha efectuado nenhum dos movimentos descritos no serviço de homebanking, resolvi de imediato reportar a situação ao Barclays Bank e aqui vai a descrição.

O Barclays já não é o que era.

Na manhã do dia 21 de Maio, contacto a agência Barclays Bank de Alvalade através do numero de telefone que consta no serviço de homebanking como sendo o contacto da minha Gestora de Conta. Ao contrário do que me tinha acontecido até então (sempre tinha contactado directamente com o meu gestor de conta) fui atendido por um serviço de apoio às agências. O Call-center chegou ao Barclays Bank. Mas eu não liguei para o serviço telefónico do Barclays Bank. Liguei para a agência. Para o meu gestor de conta… As coisas mudam…

Expliquei a situação e fui de imediato informado que teria obrigatoriamente que falar com a minha Gestora de Conta. Só ela me poderia anular o Cartão de Crédito. “Vamos passar a chamada” disseram… Alguns minutos depois, a voz volta à linha. Infelizmente a Gestora de Conta não atende. Refiro a urgência da situação (alguém poderia estar nesse momento a fazer uma festa com o meu numero de Cartão de Crédito) e sou informado de que será enviada uma mensagem urgente à minha Gestora de Conta de forma a que esta me contacte o mais breve possível.

Prometem contacto mas não contactam.

30 minutos mais tarde volto a ligar. Ninguém me telefonou. Quero falar com alguém, não interessa quem, da agência de Alvalade. Novamente, ninguém atende. Dizem-me que, possivelmente, todos os colegas estarão com Clientes. De notar, sou Cliente da agência de Alvalade há muito, muito tempo. Nunca a vi cheia… Nem perto… Vão enviar nova mensagem.

30 minutos depois, cansado de esperar (tinha um avião para apanhar às 17 horas desse mesmo dia e ainda muita coisa para fazer), apanho um taxi para me dirigir à agência do Barclays Bank de Alvalade. Estou já a subir a Avenida da Igreja quando toca o telefone. O cumprimento foi de tal forma informal que demorei a perceber com quem falava. Era a M, do Barclays Bank… (não refiro o nome da Gestora de Conta mas este foi indicado na reclamação que seguiu para a Provedoria do Cliente). Digo-lhe que já estou a chegar à agência e que falaremos então. 3, 4 minutos. Não mais do que isso. Cheguei.

A boa educação deveria ser requisito para atender Clientes.

Ao chegar à porta da agência de Alvalade passo por duas jovens que se encontram à porta a fumar. O bom-dia que desejei não recebeu eco… Ò cultura corporativa… Entrei e perguntei ao caixa pela Sra. Dona M. “Aguarde um pouco que ela já vem.” foi-me dito enquanto me indicavam a cadeira frente à secretária que ostentava o nome da minha Gestora de Conta. Aguardei e continuei a aguardar.

Talvez incomodada com a situação, outra funcionária do Barclays Bank que estava na secretária ao lado diz ao colega da caixa para ir lá fora, chamar a M, dizer-lhe que está um Cliente à espera. O caixa foi. Falou com as jovens que estavam lá fora a fumar e voltou para dentro dizendo-me para aguardar mais um pouco. Comercial o quanto baste não vos parece? Alguns minutos (cigarros???) mais tarde lá vem a M. Boa tarde – diz estendendo-me a mão – E o senhor é?

Após esta introdução surreal, eis que a minha Gestora de Conta lança a sua primeira pérola: Se calhar deviamos anular o cartão. Se calhar sim mas, e depois? Depois o quê – questiona M nitidamente sem saber o que fazer. Questiono-a sobre quais os passos a seguir, o que fazer, o que se irá passar. Deveria ser a minha Gestora de Conta a informar-me de imediato e não eu a pedir que o faça…

Gestor de Conta é inicio de carreira ou função de estagiário?

Tive que ser eu a referir a M a questão dos seguros associados aos cartões de crédito e ao uso fraudulento dos mesmos, enquanto observava a M a telefonar para vários serviços distintos para que alguém lhe explicasse o que fazer. Lembrem-se, M é Gestora de Conta certo? Tive finalmente que ser eu, enquanto olhava para o monitor do computador de M que lhe indiquei na Intranet do Barclays Bank quais os formulários relativos a sinistros. Gestora de Conta. Não é certamente uma estagiária acabada de chegar não?

Senti-me levado a dizer a M que, enquanto Cliente do Barclays Bank, não queria sair daquela agência sem algum conforto. Queria sair dali com a ideia de que o Barclays Bank, enquanto “o meu banco”, iria fazer os possíveis para resolver a situação. Infelizmente não trouxe de lá nenhuma destas ideias. Sai de lá com um conselho:

Não ponha dinheiro na conta até ter a questão resolvida ou os meus colegas dos cartões vão lá e tiram-lho todo.

Ao chegar ao meu local de trabalho a primeira coisa que disse foi que, uma única pessoa conseguiu em 15 minutos deitar por terra a imagem que eu tinha de largos anos sobre o Barclays Bank.

Parti para Londres nessa tarde.

O relato segue já de seguida.

Vitima de fraude com cartão de crédito? Eu? Sim. Aparentemente alguém usou o meu cartão de crédito Visa do Barclays Bank (ou o seu numero ou o que quer que fosse) e divertiu-se à grande a fazer compras do outro lado do mundo…

Há mais vitimas de fraude com cartões de crédito por ai?

Se há mais? Haverá certamente mas ainda não sei bem porquê, poucos ou nenhuns falam sobre fraudes com cartões de crédito. Bem, falar fala-se. Fala-se até demais mas casos concretos, por cá, não são conhecidos. Um amigo do amigo, um conhecido, foi um colega de um familiar… Agora, o meu cartão de crédito, é assunto tabu…

De quando em vez lá sai mais uma noticia nos jornais ou na televisão sobre duplicação de cartões multibancoOld news, old technology… Cartões de crédito é mesmo o que está a dar.

Mas a vitima fui eu!

Neste caso fui eu. Compras feitas com o meu cartão de crédito Visa do Barclays Bank, nos Estados Unidos da América durante o passado mês de Abril. Nem estive nos Estados Unidos no mês de Abril nem tão pouco usei o meu cartão de crédito do Barclays para nenhuma transacção. Electrónica ou física. Aliás, a ultima vez que usei o meu cartão de crédito do Barclays Bank terá sido para pagamentos em lojas físicas de Londres em Novembro do ano passado e transacções electrónicas com este cartão, por acaso, nunca efectuei nenhuma.

Sendo empregado de uma instituição bancaria convivo diariamente com as regras de utilização de cartões de crédito e posso assegurar que, por norma, o meu cartão não sai da minha vista no entanto… Nunca se sabe.

A descoberta.

Assim foi. No passado dia 21 de Maio, preparava-me para uma viagem a Londres e logo pela manhã fui verificar os saldos das minhas contas bancárias e dos respectivos cartões de crédito. Acedo ao serviço de homebanking do Barclays Bank e qual não é o meu espanto quando verifico a existência de movimentos na minha conta à ordem. Estranhei pois, tal como o cartão de crédito, não usava a conta há já largos meses.

Uma analise rápida e verifiquei que os movimentos eram pagamentos percentuais do cartão de crédito. A estranheza passou a experiência assustadora. Fui verificar os movimentos do referido cartão e lá estavam, a sorrir para mim, e já com um mês de idade, compras em vários estabelecimentos norte-americanos (existe Wall-Mart em mais algum lado?) num valor total superior a 1000 euros.

E pronto. Eu, Pedro Rebelo, evangelista das compras online, do uso de cartão de crédito na Internet, da segurança dos dados, fui vitima de… Como configurar a situação? Fraude? Uso abusivo do Cartão de Crédito? Não sei. Alguma coisa. Quem saberá?

O meu banco sabe certamente.

E foi com este raciocínio que começou uma das mais loucas tristes desventuras da minha vida. Que tal anda a vossa confiança nas instituições? E naquelas que vos gerem o dinheiro (ao fim e ao cabo, aquele elemento de somenos importância)?

Antes de vos apresentar uma versão que tentarei resumida da reclamação de 9 páginas (sim, 9. Em fonte 12 e a espaço e meio) que enviei à Provedoria do Cliente do Barclays Bank, gostaria de saber se já alguém passou por semelhante situação. Mesmo que não entrem em detalhes (já reparei, mesmo sem saber porquê, que ninguem entra em detalhes neste assunto)… E então? Alguém?

update: A história da Fraude com o Cartão de Crédito Barclays continua aqui.