Investir no blog é uma aposta de futuro. Num mundo de incertezas e instabilidades constantes, o blog é um lugar seguro, um espaço próprio com o espírito que a sociedade de hoje deseja: a partilha.

Muito se ouve falar e muito se lê sobre as redes sociais e sobre a influência destas nas vidas da sociedade contemporânea. Para o bem e para o mal, não há dia em que o Facebook, o Twitter, o LinkedIn, o Pinterest ou outro, não estejam na capa de alguma revista ou jornal. No entanto, os media parecem ter esquecido por completo uma importante fatia dessa realidade social digital: Os blogs. Pelo menos os media portugueses (a revista canadiana Marketing por exemplo, teve o seu ultimo numero dedicado ao Social Media e entre os seus artigos um especialmente dedicado ao blogging)…

Ainda assim, ao que parece, há vida para além do Facebook.

No estudo Social Media Report 2012, recentemente lançado pela Nielsen e pela NM Incite (joint venture Nielsen / McKinsey), mesmo com o Facebook claramente destacado na liderança, podemos observar que redes como o Blogger ou WordPress estão igualmente em posição de destaque tendo até esta ultima, em 4º lugar no ranking, um aumento de 10% no numero de utilizadores em relação ao ano passado.

Social Media Report 2012 - Blogging
Detalhe do estudo “Social Media Report 2012”

E falando do WordPress, 3,661,272,024 de pageviews em blogs alojados no WordPress.com em Novembro.

  • 3,661,272,024 de pageviews;
  • 29,232,069 posts;
  • 9,110,678 páginas;
  • 40,474,215 comentários
Tudo isto sem sair do WordPress.com. Estará toda esta gente errada? E vocês? O que vos parece? Defendem a ideia da morte da Blogosfera*, de uma dormência da mesma ou, tal como eu, a ideia de que a blogsfera há muito que suporta e continuará a suportar uma miríade de outras redes sociais, mesmo quando não se dá por ela?

 
*Referência descarada à apresentação que o Paulo Querido realizou no IV Encontro de Blogs na Universidade Católica em Novembro de 2008.

Em 2006 o Apdeites publicava a primeira lista dos blogs (blogues?) mais antigos em Portugal. tive conecimento dessa lista através do Macacos. Na altura comentei que o browserd.com também já por cá andava há algum tempo e fui quase de imediato contactado  pelo Apdeites informando-me de que o browserd.com constava da lista como o 9º blog (blogue?) mais antigo de Portugal com o primeiro registo datado de Maio de 2001. Fiquei contente como é óbvio e até publiquei aqui o facto.

É sempre bom saber que, para além das visitas que por cá comentavam na altura, há mais quem desse pela existência deste canto. Faz bem ao ego.

De então para cá tenho, confesso, brandido com com algum orgulho essa mesma informação quando apresento o browserd.com a alguém.

Foi precisamente o que se passou na passada semana quando numa reunião de trabalho veio à conversa o browserd.com quando me perguntaram sobre a existência de alguma lista com os blogs (blogues?) mais antigos de Portugal. Uma vez mais referi o Apdeites e a lista anual que o mesmo mantem.


Qual o meu espanto quando alguém me chama a atenção de que o browserd.com não constava da lista. Uma observação mais atenta e lá estava ele, em 2006. No entanto tinha desaparecido das listas de 2007 e 2008.

Coloquei a questão ao JPG do Apdeites: Porque razão já não consta o browserd.com da lista dos blogs (blogues?) mais antigos de Portugal. A resposta não se fez esperar. JPG dispõe-se de imediato a verificar a razão e assim que a encontra logo me dá conhecimento: Os registos do browserd.com enquanto conteúdos regulares e datados (perfil de blog) tinham desaparecido do Wayback Machine. Segundo os critérios do Apdeites, sem os referidos registos online, não há presença da lista. Percebe-se porquê.

Entendi esta situação como um verdadeiro desafio. O browserd.com dos primeiros tempos era puro html. Não havia cá bases de dados, php’s nem gestores de conteúdos por trás. Era tudo estático e com um ficheiro actualizado à mão… Toca de dar volta aos caixotes.

Foi com enorme alegria que encontrei alguns desses ficheiros e, na medida do possível vou agora passar o conteúdo dos mesmos (as entradas datadas) para a base de dados do WordPress. Para além disso, vou igualmente disponibilizar online algumas das versões antigas ainda que com algumas falhas principalmente no que se refere a ficheiros externos. No entanto, trata-se de uma questão histórica e como tal estou certo de que ninguem levará a mal.

Resta-me agradecer ao JPG do Apdeites pelo tempo dispendido e pela reposição do browserd.com nas suas listas. O browserd.com é oficialmente o 8º blog (blogue?) mais antigo de Portugal.

Certo. Eu provoco. Eu provoco porque lhe respondo e porque desço quase ao nível da arrogância do Paulo Querido. E quando isso acontece corro o risco de nessa batalha perder por experiência do adversário. Lembro-me da expressão que aparecia na assinatura de alguns e-mails há uns anos atrás e que no caso em questão prova o quão certa pode estar a sabedoria popular:

“Never argue with an idiot, they drag you down to their level and beat you with experience”

O homem escreve um post datado de 26 de Fevereiro intitulado “Blogosfera Portuguesa faz cinco anos”. Começa por referir o blog “Os Marretas” como ponto a marcar referência para logo depois revelar o que de melhor há em si referindo que o seu site pessoal (ou pelo menos um dos seus antepassados) faria também cinco anos agora em Março.

Pôrra! Não há pachôrra para este tipo. Já não falo das mil e uma barbaridades coisas que por lá já li e algumas que até terei comentado sempre por achar (sim, é a minha opinião) que o autor em questão é de uma arrogância tremenda quando de Internet (e em particular da Internet em Portugal) se trata. Esqueço essas. Mas esta é demais. Não. Mesmo que o homem tenha lá um exercito a defender tão honrada posição, esqueço o facho por um minuto e defenderei o valor tal qual comunista empedernido: O Paulo Querido está errado. A blogsfera portuguesa não faz cinco anos. E digo-lhes já antes que me perguntem quantos anos terá ela então: Não sei. Mas não tem cinco. Já havia blogs por terras lusas bem antes disso. Ele afirma que “… O punhado de blogues e páginas que já existiam em Portugal antes de 2003 não se podem classificar de blogosfera.” Claro. Blogosfera só aparece quando falamos de um punhado mais um: o dele! Irrita.

Diz-me ele que “Uma andorinha não faz a primavera…” Pois mas se houver duas ou três e uma delas for ele mesmo (a sério, as andorinhas não me dizem nada e no primeiro dia de Primavera costuma chover a cântaros) a Primavera chega radiante… E ainda me tenta ofender perguntando: “… compreende o ditado popular?”.

Sabem os que por aqui passam regularmente que não sou de querelas pessoais. E tenho ódios de estimação como quase toda a gente. Não posso com alcaparras, alcachofras, anchovas, lixias e muitas outras coisas mas nem por isso venho para aqui escrever que não posso com elas… Pois que há coisas e coisas certo?

O termo blogsfera (blogsphere no original que diga-se de passagem deveria ter-se mantido como piada que era na sua origem) não está cunhado na rocha. Surgiu como piada entre outros como blogiverso ou blogmos. Tendo sido levado mais a sério do que o autor do termo inicialmente previa, blogsfera foi ficando como termo colectivo, representativo de todos os blogs e das suas interligações. Será talvez a forma representativa da noção da existência dos blogs enquanto parte de um todo, de uma comunidade de blogs ou de um grupo de comunidades de blogs.

Ainda que o Paulo Querido não saiba, ou pelo menos que diga não saber (caso contrário não poderia ser um dos fundadores), em Portugal, antes de 2003 já havia várias comunidades de blogs. Lembro-me de uma em particular por fazer parte activa da mesma. Tratavam-se de blogs sobre design e webdesign. Eram muitos. Mais que muitos. E tinham um espírito de comunidade (de blogsfera) muito maior do que o que hoje vemos. O mundo estava verdadeiramente interligado. O que se via na altura em qualquer um destes blogs eram pequenos icons representativos de outros sites, nacionais e internacionais, com interesses comuns. E isso seria o quê? Já sei. Era a Blogsfera. Essa já existia antes de 2003. Só agora reparei que o Paulo Querido falava da Blogosfera. E isso é uma coisa diferente. Serão os blogos? Devem ser. Confesso que não reparei se esses surgiram só em 2003 pois estava na altura a escrever e ler blogs que já por cá andavam há algum tempo e outros que por essa altura despontavam (como o acima referido “Os Marretas”).

Em Novembro de 2001 o António Granado do Ponto Media escrevia assim:

O Pedro Rebelo do weblog Browserd fez um “link” para este weblog. Devolvo, com muito gosto, a cortesia…

Pela opinião do Paulo Querido isto ainda não era “blogosfera“. Talvez porque ele ainda não tivesse aderido aquela cena de colocar o link para os sites que gostávamos e com os quais nos identificávamos.

Nesses (já velhos) tempos, onde hoje se lê “blogroll” lia-se “Respect” ou “Respeito” nalguns casos. O Paulo Querido mostra mais uma vez que não entrava nesses grupos… É outra onda, é da “Blogosfera“.

Vou jantar.

Só pode ser. O Paulo Querido diz lá no seu sitio, numa resposta a um comentário meu:

“Caro Pedro Rebelo, tenho efectivamente muito contra o citizen journalism (…)”

Uma vez mais só me apraz dizer: Upppsss. Esqueceu-se. Ou talvez não. Bem, a questão é que, tal como já tinha referido num post anterior, o Paulo Querido não há muito tempo apelava lá no seu sitio ao Jornalismo do Cidadão como complemento à “abertura ao exterior” do seu “espaço editorial”. Se calhar, na altura dava-lhe jeito e hoje já nem por isso. Não sabemos. Ele não nos diz. O que ele nos diz, desculpem, me diz, é:

“(…) não vejo vantagem em continuar consigo a conversa sobre as vantagens e as desvantagens, os aspectos positivos e os aspectos negativos do citizen journalism”

E sabem porquê? Porque o Paulo Querido acha que eu tenho uma “opinião deformada” (opinião que ele não conheçe mas acha mesmo assim, tipo, jornalismo do cidadão versão Paulo Querido) por eu lhe ter dito “shame on you Mr. Paulo”. E nem se deu ao trabalho de entender que a minha expressão não se referiu sómente ao sentimento que ele expressava pelo Citizen Journalism mas também pelo facto de estar agora a criticar ou a tentar denegrir aquilo que ainda há pouco tempo chamava e pedia para o seu espaço na net.

O Carlos Andrade escreve um post no seu site sobre a rede de blogs Tubarão Esquilo (já agora, que raio de nome é este?). Fez uma análise da coisa e escreveu o que lhe ia na alma, na boa tradição bloguista, escreveu a sua opinião. Paulo Querido, conhecido (entre outras razões) por muito falar sobre a Internet deve ter sentido alguma ferroada que logo depois lhe responde forte e feio. Pois até nem quero entrar nas razões de uns nem de outros mas não posso deixar é de comentar um detalhe, um daqueles pequenos e quase despercebidos detalhes, na resposta do Paulo Querido. Diz ele a certa altura, e passo a citar: “O que lamento é mais um exercício do que podemos esperar do tal de “jornalismo do cidadão”…”. Ups! Paulo, meteste a pata na poça. O que é que tens tú contra o “jornalismo do cidadão”? E que fique já bem claro que não sou jornalista de maneira nenhuma. Mas diz lá então, o que tens contra? Deverei e em nome de ser justo, lembrar-te de um post teu em Junho do passado ano em que escreves:

“Decidi avançar com uma experiência neste espaço editorial: abri-lo ao exterior.(…)
(…) Esta abertura dar-se-á para já em dois espaços distintos.
O primeiro sob a forma de agenda e noticiário genérico. Destina-se a promover acontecimentos como o lançamento de livros, apresentação de conferências, etc. A ideia não é tanto os press-releases comerciais, embora estes não sejam excluídos, reservando-me o direito de publicar tudo o que me pareça relevante.
O outro espaço de lançamento pretende atrair notícias (jornalismo de cidadão), reportagens, ensaios, críticas, previews de livros ou arte e análise em geral.”

Não estou enganado pois não? Foste tu que pediste um Porto Ferreira, quer dizer, um “jornalismo do cidadão”? Uma dica: Blogumentary. Aconselha-se a visualização. Trata-se de um documentário muito bem realizado por Chuck Olsen sobre os blogs e o quão importantes estes são nos dias que correm e principalmente como media. Depois uma visitinha à entrada Citizen journalism da Wikipédia também não fica mal.

Volto a referir que, não está aqui em causa qual das comadres tem razão sobre o Tubarão Esquilo nem tãopouco se o artigo do Karlus foi escrito observando regras jornalisticas. O que está aqui em causa é o tom com que Paulo Querido se refere ao “jornalismo do cidadão”.