Entre conversas sobre as especialidades gastronómicas algarvias, um colega de trabalho disse-me há uns dias que devia visitar o restaurante «O Ideal».  Em Cabanas de Tavira, dizia ele, tens uma sopa no pão que é uma maravilha… Bem dito e melhor feito.

Um destes fins de tarde, com um casal amigo, numa praia sossegada perto de Altura, pesquisei na Internet e lá descobri o telefone d’ O Ideal. Eram 19 horas mas do outro lado da linha já nos diziam que reservas já só para depois das 21h30… E era uma terça-feira… Mas é Verão, o Sol deita-se mais tarde e é sempre uma boa razão para dar mais um mergulho.

Chegados a Cabanas de Tavira, damos connosco à porta do mesmo restaurante onde há uns anos atrás tentamos jantar com o Ricardo Bernardo e a Marta na noite em que os conhecemos. Não conseguimos mesa na altura, mas já dizia o Ricardo que era o melhor sitio para se comer por ali.

Chegada anunciada, não levou 5 minutos até que alguém gritasse à porta «A mesa dos 7 pode entrar!».

«O Ideal» é uma casa simples. À primeira vista, poderia facilmente passar por um café que serve refeições. Mas é mesmo só à primeira vista. Amesentados, vem a carta num instante enquanto ainda se ultima a mesa. Os ouvidos também comem e, da sopa no pão aos pasteis de polvo, as escolhas estavam quase feitas.

O que comemos n’O Ideal?

De entrada pedimos uns «Palitos de atum» com salada de feijão frade. Barriga de atum em tiras levemente panadas, com o dito do feijão servido fresco e bem temperado a acompanhar. Delicioso. Veio depois a famosa «Sopa do Mar», reservada logo ao telefone por sugestão da casa, é um deleite ao olhar, ao olfacto e ao palato. Num pão alentejano a que se cortou o topo e retirou o miolo, é servida uma sopa de peixe e marisco, cremosa e aveludada, muito rica em tudo o que anuncia.

Vieram por ultimo os igualmente celebrados «Pasteis de polvo com arroz de tomate». Os pasteis, próximos das muito famosas e nacionais «pataniscas», são de polvo cortado amiúde, cozinhado e posteriormente envolvido no polme indo à fritura. Serão escorridos ou secos convenientemente pois, ao contrário de muitas «pataniscas» que por ai se servem, estes pasteis não «pingavam» óleo de fritar. O arroz que os acompanhava, de tomate, «malandrinho», cozinhado ao ponto e com o tomate em dose certa, não denotando nem doce, nem acidez em demasia. Um esmero.

Restaurante O Ideal em Cabanas de Tavira

As doses, muito bem servidas, não deixaram vaga em nenhum dos comensais mas, ouvi por ai dizer, que a casa tem também um «doce de vinagre» que para a próxima não nos escapa.

O serviço foi, não só rápido, como prestável e atencioso, com um tom de simpatia que nem sempre se encontra pela restauração destas bandas.

O restaurante «O Ideal» passa a ser, garantidamente, um ponto obrigatório no Verão da família.

Restaurante O Ideal

Tipo de cozinha: Portuguesa
Horário: Encerra (a cozinha pelo menos) às 22h00 – Encerrado à Quarta-feira
Preço médio: 25€
Morada: Rua Infante D. Henrique, 15 – Cabanas de Tavira
Telefone: +351 281 370 232
Pagamento: Numerário / Cartões

Um destes dias detalho por aqui a cena do descanso mas por enquanto fica só a ideia de que ao contrário do que muita gente pensa, nem todo o pais estava debaixo de pesada chuva. Ainda que hoje, Quarta, a manhã tenha começado bem regada (parece que estava a adivinhar e o pequeno-almoço chegou já por volta do meio-dia), o dia de ontem e anteontem estiveram como se quer… Ou pelo menos, como eu quero. Já que tenho que ir à praia, já que tem que ser no Verão, então que seja assim, vazia, sossegada, com tempo para ler…

Certo. A leitura não era das mais profundas (nem vos passa o que vem na mala para ler) mas foi um reencontro com uma personagem da banda desenhada (comics será ao dia de hoje o mais correcto de se dizer neste caso) que há muito não via. Natalia Romanova (Natasha para os amigos) mais conhecida como Black Widow. Sim, sim… É essa mesmo. A personagem de Scarlett Johansson (muito procurada nos últimos dias depois do beijo da Sandra Bullock) no Iron Man 2.

Black Widow Deadly Origins

Ainda a Scarlett não tinha nascido já a Natasha Romanova cá andava… Em todos os sentidos. Apareceu nos livros pela primeira vez em 1964 mas o seu personagem vive desde a década de 20 do século passado e com mil e uma aventuras dignas de registo.

O livro Black Widow: Deadly Origin reúne os 4 fascículos em que a historia foi editada originalmente, numa edição luxuosa daquelas que ficam bem em qualquer colecção. Quanto à história propriamente dita, bem, essa deixa a desejar. Ainda que faça um review muito abrangente à vida amorosa de Natasha, deixa de lado algum glamour que a personagem impõe e isso é o suficiente para não encantar. Também a forma como finalmente se define o personagem de apoio à história de Natasha, Ivan Petrovich, o homem que a salvou de um destino cruel ainda bebé, não convence. Mais não digo para não estragar a leitura a quem o vai ler.

Scarlett Johansson

E eis que a promessa se cumpriu. Dois anos depois da nossa primeira viagem a Nova Iorque voltámos à Big Apple. O regresso a New York City estava destinado desde o dia em que regressámos de lá em 2006.

A viagem começou logo com alguns contratempos. Não connosco mas com um casal amigo que se preparava para nos acompanhar. No check-in descobriram que um deles não tinha passaporte electrónico e como tal, para entrar nos Estados Unidos necessitava de um visto da embaixada norte-americana. Também não o tinham. Ao Sábado não se emitem passaportes e este era um fim-de-semana grande. Antes de Terça-feira nada de Nova Iorque para eles. Lá os esperaríamos…


Já no avião a primeira história a recordar. Atrás de nós vai um casal a ler em voz alta indicações sobre a cidade que não dorme. Moeda, saúde, transportes… Comento com a Susana que deveria ser certamente a primeira vez que iam a Nova Iorque. Algum tempo depois, as leituras estavam aos poucos a tornar-se familiares e muito além da informação genérica sobre a cidade… Não, eu estava mesmo a reconhecer o tom da escrita. Virei-me para trás e com a descontracção do costume pergunto ao leitor se tinha tirado o texto de algum site na Internet ao que este me responde que sim, de um tal de browserd.com. Inchei. Referi que era eu o autor e de imediato fui questionado sobre as aventuras com o Marçal, a Maria José e a trupe da viagem anterior… Sabe bem. Muito bem.

A entrada no pais é a versão moderna da chegada a Ellis Island que nos habituámos a ver nos filmes… Filas e filas em curva-contracurva para chegar a um balcão onde somos questionados sobre o nosso destino, objectivo da viagem, fotografados e com direito a recolher (pelo menos é de forma digital) as impressões digitais… Passada esta fase, venham as malas e tal a vontade de chegar, direito aos chamados Shuttles que numas carrinhas Ford de 7 lugares e bastante confortáveis nos levam aquecidos até à porta do hotel.

Onde ficar em Nova Iorque

Desta vez o planeamento começou com quase um ano de antecedência. Ainda que o Madison Hotel nos tenha agradado, a ideia de poder fazer algumas refeições em casa era muito apreciada. Parecendo que não sempre se poderiam poupar alguns dólares. Um aparthotel seria o ideal.

Já na nossa visita a Nova Iorque em 2006 tínhamos contactado o Ipanema Chalet na tentativa de lá ficarmos mas não foi possível. Só tentámos com 6 ou 7 meses de antecedência e para Dezembro em Nova Iorque isso é o mesmo que tentar em cima da hora. Desta feita contactámos o Ipanema Chalet logo em Janeiro e em Fevereiro fizemos a marcação.

O Ipanema Chalet fica na zona de Nova Iorque a que chamam de Little Brazil, na Rua 46 (46th Street) mesmo na esquina com a 5ª Avenida e do outro lado da rua, a famosa Times Square. Por outras palavras, dificilmente se arranjaria melhor localização. Táxis a toda a hora e estações de Metro por todos os lados.

Na chegada como não víamos ninguém entrámos no Ipanema Restaurante que fica mesmo na porta ao lado. Identifico-me ao Maitre que de imediato me entrega a chave da entrada e um pequeno envelope com o código da porta do quarto. Nesse mesmo envelope uma nota de boas vindas do dono do hotel e um recado para que nos encontrássemos no dia seguinte para tratar da burocracia.

Ao entrar conhecemos o Sr. João, empregado do hotel que nos ajuda a levar as malas ao quarto e nos fala sobre os horários das limpezas. Simpático e bem-educado dá um toque quase familiar ao local.

O quarto era espaçoso. Cama, roupeiro, casa de banho, mesa de refeições/secretária, cadeirão para repouso, e tv. Para além disso o esperado forno micro-ondas, placa de fogão e um frigorífico. Lava-loiças e armários equipados. A Susana reparou que, ao contrário do Madison Hotel, aqui não havia aquecimento central mas sim um aquecedor a óleo. Ainda receou que não fosse suficiente mas revelou-se esforçado e eficiente.

Se a tudo isto juntar-mos um dos melhores senão o melhor preço de Nova Iorque em Dezembro, está explicada a nossa escolha.

A primeira saída

At Hard Rock Café New YorkTal como na primeira noite em Nova Iorque há 2 anos atrás, foi só largar as malas e rua. Combinámos encontro em Times Square com o nosso amigo Zé Manel e a namorada, Rute. 6 graus negativos e a coisa prometia. Uma vez mais, Hard Rock Café New York. Ainda que os hambúrgueres sejam mais do mesmo as Orange Margaritas e os nachos são efectivamente muito bons. Tal como dantes, uma hora de espera mas felizmente de forma confortável nos famosos sofás da casa. Comprova-se pelos preços que o Hard Rock Café vive essencialmente dos turistas. Levem a carteira cheia.

Estávamos muito cansados da viagem e a noite já ia longa. Combinámos encontro para o dia seguinte às 7 da manhã. Se queríamos finalmente conseguir assistir a uma celebração na Abyssinian Baptist Church tínhamos que ir muito cedo. São às centenas as pessoas a quererem um lugar na área reservada aos turistas na mais famosa celebração com coros de Gospel de Nova Iorque.

A manhã seguinte: Domingo em Nova Iorque.

Muito muito cedo lá nos encontramos em Times Square e fomos de Metro para o Harlem. Preparem-se para uma longa viagem mas o facto de haver Metros Expresso (que em vez de pararem em todas as estações por vezes passam 10 ou 15 sem parar) ajuda bem.

Ainda que muito diferente do Harlem dos filmes americanos da década de 70 (sim, anda-se nas ruas sem ser pelo meio de gangs e traficantes) a cada passo é fácil recordar tais cenas tal é o impacto visual da área e dos seus habitantes.

Chegámos à igreja cerca das 8 da manhã mas ao contrário do que pensávamos a fila de turistas para a missa das 9 já era bem longa. Com mais gente do que aquela a quem seria permitida a entrada… Mas já lá estávamos e desta feita haveríamos de entrar… Nem que fosse na missa das 11.

Bem dito e melhor feito. Perto das 9 horas começou a azáfama dos seguranças a contarem as pessoas e a avisarem quanto a coerência da fila. Também lá apareceram os fura-filas do costume mas a força da fé (ou melhor dizendo, das vozes que rapidamente se fizeram ouvir acompanhadas de ferozes punhos no ar) manteve a linha direita. 10 ou 12 espanholas loucas e mais uma família de iguais origens (ainda que não aparentando a mesma loucura) estavam ainda à nossa frente quando somos avisados que teríamos que aguardar pela missa das 11.

The man with the red shoes4 graus negativos. Ajudava a musica que o preto (convenhamos, é este o termo correcto. Aliás, por terras do Tio Sam chamar negro a alguém dá direito a prisão) do sobretudo vermelho (a combinar com os sapatos) e óculos escuros vendia ou tentava vender na banca de rua ali montada.

As espanholas da frente desistiram de imediato. Tinha jogo dos New York Kniks ao meio-dia e já não dava tempo. Com isso estávamos a 4 dos lugares da frente. Suportássemos nós o frio e a entrada estava garantida.

Eis que para uma limusina. De lá sai uma daquelas figuras que só vemos nos filmes. Uma senhora preta já de uma certa idade, muito, muito alta, de casaco de peles até ao chão, bengala numa mão e mala na outra. Dirige-se em passo apressado (no que a idade ou saúde lhe permitiam) à fila onde nos encontrávamos. Diz qualquer coisa que não entendo ao pequeno grupo de espanhóis à nossa frente mas, como grande parte dos espanhóis que conhecemos, estes não entendiam nada de inglês. Pelo menos daquele inglês com acentuada pronuncia da zona.

Percebendo que a senhora parecia estar a pedir ajuda para algo, sai da fila e dirigi-me a ela perguntando se a podia ajudar em algo. Disse-me de imediato enquanto me passava a mala para a mão: “Sim, leva-me á igreja. O motorista hoje não podia porque tinha que ir…” Já não ouvi confesso. A perspectiva de não passar as próximas duas horas a congelar na rua toldaram-me por completo os ouvidos.

Perguntou-me então a dita senhora se eu estava sozinho ao que respondi que não, que estava com a minha mulher e um casal amigo. “Então chama-os para virem contigo – disse ela – hoje serão meus convidados para a igreja.”.

Isto parecia mentira. Ali estávamos nós, a sair da fila, eu a carregar a mala e a Susana já de braço dado com a nossa benemérita. Passámos a primeira porta da igreja e passámos ainda a segunda. “Essa não a minha porta” – disse ela com um certo ar de altivez enquanto chegávamos a uma terceira porta ladeada por dois seguranças. Fez sinal para indicar que estávamos com ela e lá entrámos finalmente.

Lá dentro apanhámos um elevador e em certa altura diz-nos a referida senhora que a nossa paragem era ali. Saímos e eis senão quando nos encontramos no meio da comunidade. Não no espaço reservado aos turistas, lá atrás. Estávamos ali, no meio da coisa.

A celebração foi o que esperávamos. Animação e alegria (ao invés de tristeza amargura e pecados por todo o lado). Falava-se do que é bom e também do que é mau mas sempre na perspectiva de que o mau se tentará remediar e não só que devia ser castigado… É diferente. Ao fim de uma ou duas horas é fácil entender porque vão lá aquelas pessoas, sempre com boa cara, dispostas a ouvir e a partilhar. O Gospel? Sim, também lá estava mas o sermão batia-o aos pontos.

Para finalizar o relato desta nossa manhã fica ainda uma nota tipicamente portuguesa. A certa altura reparei que junto a nós estava mais um casal de jovens e que, falavam português. Estranhei pois não havia por ali mais ninguém que não “se enquadrasse” por completo. Perguntei como tinham entrado e a resposta foi clara: “Entrámos atrás de vocês. Quando percebi o que passava virei-me para ela e disse-lhe que viesse sem dizer nada. Aqui estamos.”.

O relato da nossa viagem a Nova Iorque continuará em breve. Por hoje já vai longo não vos parece?

Update: O relato continua em Férias em Nova Iorque outra vez (ou New York 2008) II.

  • 07h30 – Acordar. Banho e vestir. Comer um pão com queijo e beber um copo de leite.
  • 08h30 – Deixar Patrícia no colégio.
  • 09h00 – Urgências do Hospital CUF Descobertas. Triagem, consulta, Raio X, consulta. Queixo-me de tosse (já lá vão duas semanas), dores no peito (já é do cansaço) e, de há dois dias para cá, muitas dores nos braços e pernas, um tremendo cansaço constante e muitos suores nocturnos (factores estes que combinados em mim costumam significar febre da boa). Nada. Ou melhor, quase nada. Boa oscultação e qualquer coisa ali nos pulmões que não parece ser nada de grave. Por via das dúvidas (a medicina é uma ciência exacta certo?), 8 dias a antibióticos.
  • 13h00 – Almoço em casa. Cogumelos recheados com bacon, lombo de porco recheado com farinheira e pudim de gemas para sobremesa. Valha-me a Susana que prepara manjares dos Deuses.
  • 14h00Dexter, 3ª temporada 1º episódio. Burn Notice, 2ª temporada 7º episódio. Terminator: The Sarah Connor Chronicles, 2ª temporada 2º episódio. Veronica Mars*, 3ª temporada 3º episódio.
  • 17h00 – Ir buscar a Patrícia ao colégio.
  • 17h30 – Meia hora na farmácia para vir carregado de comprimidos.
  • 18h00 – Chegar a casa, esticar no sofá novamente e pensar porque raio me sinto tão cansado…

Neste momento, entre um joguinho de Disney Dogs no Nokia N70, os Irmãos Toupeira no Canal Panda e o raio do laptop a aquecer-me as pernas, acho que só me resta mesmo jantar e dormir. Amanhã começa tudo de novo.

* E não me venham com a conversa de que Veronica Mars é uma série colegial. A miuda loira já deixou o colégio e agora já anda na universidade.

Entre fantásticos livros de piratas e relatórios da McKinsey, episódios duplos de Sherlock Holmes com o Jeremy Brett e noitadas de “The L Word” (porque raio insistem em contar as histórias das amigas lésbicas em dose dupla e quase de madrugada? Qual será a ideia?

  1. Para que as adolescentes de orientação sexual ainda por definir, ou bem definida, sem preocupações de maior relativas a horários da manhã seguinte possam ver a série sem interrupções de mães e pais incompreensivos?
  2. Para que jovens adultas de paixões assumidas se entreguem a histórias de sonho até altas horas e na manhã seguinte se sintam cansadas pela escolha que fizeram?
  3. Ou pura e simplesmente para lixar a cabeça a gajos como eu que gostam de ver séries de televisão?)

só o sono está em falta. Bem, não é a falta de sono mas sim a falta de dormir.

A pele já caiu (tal foi o escaldão) mas já ganhou cor novamente. O mar continua um espectáculo. Muito calmo, muito limpo, quente quanto baste. Mas garantidamente, tal como ler um livro, dormir uns minutos na praia é algo muito difícil de conseguir com uma criança de 4 anos.

Adiante. Normalmente não assisto aos telejornais dos canais generalistas portugueses. Não tenho paciência. Para apanhar uma noticia boa e realmente interessante (e não me venham com conversas de que o que não é interessante para uns é para outros que eu até sou capaz de aturar as noticias do futebol) é preciso passar por mil e uma histórias daquelas que nem ao menino Jesus lembra.

Quando estou de férias não tenho acesso à miríade de canais televisivos que tenho em casa e como tal, lá tenho que ver o que há mas mesmo assim, tento passar ao lado das mil e uma desgraças (o pais, entenda-se) que me mostram. Atenção: Não digo que não se noticie. Pelo contrário. O pais tem o direito de saber a vergonha em que se encontra (e sim, falo principalmente da segurança). Mas confesso que em férias tendo a esquecer (ou pelo menos tentar) todos os assaltos e mortes que por ai há.

É difícil quando ao fim de um dia de praia, quando nos metemos no carro para ir ao supermercado, a primeira noticia da radio é sobre um homem que, aqui perto, foi alvejado a tiro, dentro da esquadra da policia, quando apresentava uma queixa sobre alguém. E foi esse mesmo alguém que o alvejou.

Ainda a recompor o cérebro de tal visão (Tarantino, se algum dia leres isto toma nota que em Portugal crimes dentro das esquadras não são assim tão invulgares), levanto os olhos e logo ali, no cruzamento, o que parecia ser uma operação STOP não era. Os militares da GNR aparentemente já tinham parado quem queriam e guardavam-nos à beira da estrada de metralhadora em riste como quem dizia “se te mexes espeto-te um balázio…”.

Mas haverá alguma campanha de imagem capaz de pôr isto no lugar? É bom que apareça ai algum escândalo daqueles mesmo a sério ou o nosso Governo arrisca-se a ficar muito mal visto e quem sabe, descer nas sondagens… Ahhh… Pois. Portugal. Pois. Não.

Não se arrisca a nada porque maus são sempre os outros e quando chegar a hora será dos Magalhães e dos menos chumbos (Pudera. Os professores vêm-se gregos para reprovar um aluno por mais que este o mereça e para além disso já sabem que, se pensarem nisso o mais provável é apanharem uma carga de porrada se não dos pais, da própria criancinha que pensaram em chumbar) que toda a gente se irá lembrar…

Acho que vou voltar para a praia agora…