Ali ao inicio do Bairro Alto, muito perto ainda do Camões, fica o Restaurante As Salgadeiras. Nas instalações de uma antiga padaria (ainda que em tempos idos o edifício fosse conhecido por lá estar estabelecida uma famosa casa de meninas para alegrar os homens de mar que atracavam por Lisboa), este restaurante apresenta-se mantendo uma traça antiga, com tijolo de burro à mostra e arcos de pedra dividindo os espaços.


Visualmente agradável é também fácil gostar do espaço pela simpatia de quem nos recebe e atende. Pontos muito fortes para quem ainda não se sentou.

Começamos a noite com algo fresco. Duas caipirinhas. Convenhamos que, para acompanhar uma noite quente, a frescura de um gelo moído com a dose certa de cachaça e lima é algo de muito agradável. E aqui as doses eram bem, muito bem servidas…

O couvert era de bom gosto. Azeitonas, paté de atum, manteiga com ervas, muito bom queijo de Azeitão enfim, um couvert. Evitam-se as embalagens e agradecem os Clientes. Dá um toque de classe e casa que todos apreciamos.

A entrada escolhida foi a Alheira de Chaves com ovos mexidos tirada da forma, com a consistência certa e o sabor do enchido fazendo notar que é o que diz o nome e não os tantas vezes servidos ovos com alheira.

A comida veio precedida do vinho. Escolhemos ao copo que a oferta era variada. Ainda bem que está a pegar a ideia do vinho servido desta forma. Evita-se o sacrilégio de deixar bom néctar na garrafa e aproveita-se para a prova de alguns que pelo preço mais proibitivo não se iriam degustar tão cedo. Casa Burmester tinto. Ainda que o ano não nos ficasse de memória, o vinho ficou.

E eis que chegava à mesa o prato de peixe. Filetes de linguado em massa folhada com espinafres. Só a apresentação ganhava o prémio, fosse ele qual fosse. Não fingiam estar presentes os filetes entre o folhado e a verdura. Estavam mesmo. E frescos como às vezes não se encontram quando servidos a sós. Os espinafres na textura de esparregado faziam-lhes cama de luxo para a vista e para o paladar. A massa folhada estava no ponto, aquele em que não é seca nem está mole. Está como deve estar. Aliás, como tudo parece estar nesta casa.

O prato de carne encantou de igual forma. Pedido que estava o Espeto de Lombo em Pau de Loureiro de imediato veio à memória a triste cena do espeto pendurado, a pingar, e a ginástica necessária para por vezes de lá tirar proveito. O bom gosto da casa nota-se também nos detalhes e o lombo chegou no prato com todas as companhias do espeto mais os acompanhamentos laterais. Uma delicia ao olhar.

Da carne macia e saborosa à verdura cozida de leve e às batatas em feixe, estava tudo muito bom. De notar que as doses servidas, ainda que a decoração ocupe espaço no prato, são a ter em boa conta que ninguém fica com fome, muito pelo contrário.

Já dificilmente haveria espaço para a sobremesa mas a carta de nomes sonantes (do Fondue de Chocolate ao Leite creme com frutos silvestres) obrigava a uma pergunta: O que era o Manjar Conventual. Prontamente nos foi dito que… Era bom. Isso só por si é um indicativo mas assim que nos disseram que se tratava de Requeijão, açúcar e ovos não havia espaço mas para as dúvidas. Venha o Manjar Conventual que com a dieta nos preocupamos mais tarde.

Ainda a colher não tinha batido ao doce a segunda vez e já alguém nos questionava se estava bom tal eram as expressões à mesa. Referi que o que ali se passava era criminoso. Um verdadeiro crime não venderem o Manjar Conventual ao quilo para que connosco viessem logo um ou dois…

O final da refeição foi o costumeiro café e garoto bem clarinho e até ai, o serviço mostrou excelência. Não foi preciso pedir duas vezes nem houve má cara à prova. O garoto vinha tal como pedido e tínhamos ficado clientes. Garantidamente.

As Salgadeiras
Rua das Salgadeiras 18
Bairro Alto
1200-396 LISBOA
Telf. 213421157
URL: www.as-salgadeiras.com
Só servem jantares (encerra às Segundas-feiras)

Update: Este texto foi também publicado no site no prato com

Depois das boas experiências com as visitas ao Mundo Mix 2006 e 2007 este domingo lá fomos novamente ao Castelo de São Jorge para visitar o Mundo Mix 2008. Mantem-se a coisa boa que é não pagar entrada no Castelo pelo facto de vivermos em Lisboa mas sinceramente, foi das poucas coisas boas que por lá encontrámos. Aparentemente estavam muito menos expositores do que nas edições anteriores e mesmo assim, dos que lá estavam, muitos pareciam mais “pro”, muito mais “marca firmada” do que os stands dos anos anteriores. A Patrícia ia em busca dos Sapos gigantes que dançaram com ela no ano passado mas disseram-lhe logo à entrada que os Sapos este ano não tinham aparecido. Mais um ponto negativo. A Susana comprou dois colares(nas Joias da Rita e na Shopsu) pois é dos poucos sítios onde ela encontra colares que realmente gosta e sem metal, e eu não cheguei a tirar uma única foto. Há dias assim… Valeu pelo espectáculo de dança que a Patrícia deu uma vez mais fazendo com que as pessoas de vários stands fossem saindo para a ver à medida que ela ia passando. Acho que se para o ano que vem ela não for, já dão pela falta dela. Por falar em falta, demos pela falta da Isamachine que o ano passado lá estava em força. E então João? Desistiram?

Bem, valeu o passeio de domingo em família que sabe sempre bem e o almoço no restaurante Rio Coura (ali na Rua Augusto Rosa à esquerda da Sé) onde comemos uma bela parrilada mista por um preço bastante bom…

Um Sábado por Lisboa. Podia chamar-se assim o relato do Sábado que passou. O dia começou cedo e o carro ficou à porta de casa. Metro para conhecer a nova estação de Santa Apolónia e toca a subir até ao Panteão Nacional ali na Freguesia de São Vicente de Fora. É claro que há mil e um livrinhos explicando a história do Panteão e da Igreja de Santa Engrácia mas nada como uma boa guia para nos contar todos os detalhes. Conhecem o termo “obras de Santa Engrácia” (tipo túnel do Marquês ou Metro de Almada?)? Já sabemos a história. Tendo em conta que estava muito bom tempo com um dia bem solarengo ainda tivemos a sorte de nos levarem à cúpula e de nos deixarem passear por lá… Coisa pouca… Algumas centenas de degraus para cima e para baixo.

Entre todas as personalidades com direito a túmulo no referido Panteão, continuei sem saber porque diabo não foi para lá o de Fernando Pessoa.

A manhã já ia longa e fomos passear pela Feira da Ladra. Ainda não estávamos lá há 10 minutos e já tinha um trio de jovens nas minhas costas a tentar abrir a minha mochila da máquina fotográfica. Ora ai está uma boa razão para passar a chamar aquele “mercado” de Lisboa de Feira do Ladrão em vez de Feira da Ladra. Há já alguns (muitos) anos que não ia aquela feira mas sempre soube que a melhor altura para o fazer é mesmo pela manhã muito cedo, madrugada até. Tem menos policia e mais interesse…

O almoço veio logo depois. Descemos até Santa Apolónia e numa daquelas tascas num daqueles cafés lá comemos uns fantásticos filetes com arroz de tomate e salada, grelhada mista como prato de carne e ainda uma grande travessa de fruta fresca. Longe vai o tempo do bacalhau com grão como prato único…

O Sol ia ainda alto quando voltámos a subir desta feita por um pequeno beco em direcção à Igreja de São Vicente de Fora para conhecer o mosteiro em detalhe. E que detalhe. Da cisterna do sec. XVI às fábulas de La Fontaine pouco ficou por ver. Não sabíamos por exemplo que é ali que se encontra o panteão dos Branganças. Foi aliás nesse panteão, junto ao túmulo do Rei D.Carlos e do filho, o Príncipe Luís Filipe que a Patrícia apanhou um real susto com a estátua da mulher que chora junto a estes túmulos. A tarde caia e era já hora de descer à Baixa. Garrafeira Napoleão para abastecer um pouco e antes que o Sol se ponha, uma bebida para refrescar n’A Outra Face da Lua. O dia só iria terminar bem mais tarde em casa de amigos, com uma bela jantarada. Só então a Patrícia se deu por vencida e dormiu… Onde vai ela buscar a energia queria eu saber. Dar-me-ia muito jeito para a semana que agora começou…