Desde os seus 3 anos que a Patrícia faz questão de me lembrar a promessa que lhe fiz de ver com ela “O Senhor dos Anéis”. Nessa altura, já não sei a que propósito, numa qualquer conversa, disse-lhe que nesse filme existiam umas árvores gigantes que se mexiam e falavam. Ficou como referência. O filme das árvores que mexem e falam. E dificilmente temos uma conversa versando cinema (sim, de quando em vez é tema) sem que a promessa que lhe fiz seja lembrada.

Esta manhã, já nem me lembro em que contexto, digo-lhe que no “O Senhor dos Anéis” há criaturas verdadeiramente assustadoras, guerreiros monstruosos. Pergunta então a Patrícia, com a curiosidade típica dos seus 6 anos e com um sorriso na cara: “Assustadoras como? Tipo múmias zombies guerreiras?”. Sim, claro. Porque não. Tipo múmias zombies guerreiras. Nem o próprio Tolkien se lembraria de tal. A Patrícia sim.

Estou verdadeiramente desejoso que seja fácil para ti ler legendas na televisão. Temos tanta coisa para ver…

Desde os seus 3 anos que a Patrícia faz questão de me lembrar a promessa que lhe fiz de ver com ela “O Senhor dos

Aneis”. Nessa altura, já não sei a que propósito, numa qualquer conversa, disse-lhe que nesse filme existiam umas

arvores gigantes que se mexiam e falavam. Ficou como referência. O filme das arvores que mexem e falam. E

dificilmente temos uma conversa versando cinema (sim, de quando em vez é tema) sem que a promessa que lhe fiz seja

lembrada.
Esta manhã, já nem me lembrando do contexto, digo-lhe que no “O Senhor dos Aneis” há criaturas verdadeiramente

assustadoras, guerreiros monstruosos. Pergunta então a Patrícia, com a curiosidade tipica dos seus 6 anos e com um sorriso na cara:

“Assustadoras como? Tipo mumias zombies guerreiras?”.
Sim, claro. Porque não. Tipo mumias zombies guerreiras. Nem o próprio Tolkien se lembraria de tal. A Patrícia sim.

O nível de abstracção de uma criança nem sempre é correctamente entendido. Por vezes pensamos que estão somente a dizer coisas sem sentido quando lá no fundo no fundo, o sentido dessas coisas  está muito além daquele que estamos dispostos a entender, pelo menos, à primeira.

A Patrícia já nos habituou com algumas “saídas” inesperadas o que nos vai treinando o espírito mas ainda assim, não deixa de nos surpreender de quando em vez.

Mesmo com uma simbologia tão clara como a que me estava a mostrar, não consegui decifrar à primeira o código do desenho que a Patrícia me ofereceu.

Proibido a Monstros Invisíveis

– Pai, então, ali está o meu nome certo? Pa-trí-ci-a. E depois, está tudo ali. O sinal de proibido não é? E o resto…
– O resto o quê filha?
– Então, não se vê porque é invisível…
– O quê?
– O monstro…
– O monstro?
– Sim. Este sinal quer dizer: Proibido a monstros invisíveis.

Estava lá. Claro. Eu é que não estava a ver. E agora já vejo…

Tal e qual… Foi esta a expressão usada pela Patrícia ontem à noite enquanto eu preparava as coisas para mais uma sessão de Primeval… Enquanto liga e não liga o leitor de DVD, eis que a televisão estava como de costume, no AXN, e precisamente quando está a começar mais um episódio de CSI.

Não há como resistir e dificilmente se consegue argumentar que já é hora de ir para a cama.

“CSI? Então não vamos ver Primeval?”

É mais uma daquelas a ficar na história de uma miúda que, ou muito me engano, ou até vai gostar dessas cenas assim… Geeks…

Primeval tem sido a dose de ficção diária nestes dias em que a produção de séries anda em repouso por esse mundo fora. Trata-se de uma série de origem britânica, já de 2007 e que já nos oferece 3 temporadas completas sendo que a quarta começou a ser transmitida no inicio deste ano.

Grosso modo, anomalias no tecido espaço-temporal permitem que criaturas do passado e do futuro passem através delas para o nosso tempo. Em consequência disso, diversas situações se proporcionam levando a alterações da realidade. Tudo isto no contexto de um grupo de investigadores académicos e um departamento governamental que tenta perceber o fenómeno ao mesmo tempo que faz tudo por tudo para o esconder da sociedade civil.

Com alguns exageros, vai garantindo momentos de interesse e diversão frente à televisão nas noites da semana. Para nós e para a Patrícia como se percebe…

Eu sou uma daquelas pessoas que gosta mesmo de livros.

Quando vivia em casa dos meus pais, nunca houve da parte destes qualquer hábito de leitura (hoje, quer um quer o outro devoram livros a uma velocidade que me faz inveja. Vantagens de uma vida sem grandes preocupações… Ainda bem.) mas eu devo ter herdado da minha avó materna o gosto por ler. E como não tinha os livros em casa, desde cedo os comecei a comprar, ao meu gosto, ao meu interesse, ao meu ritmo e, ainda que com alguma disponibilidade garantida pelos pais (mesmo que não os comprassem, incentivaram-me a comprar e contribuíam obviamente com o dinheiro para tal), com a perfeita noção, principalmente a partir de certa altura, dos sacrifícios necessários para tal.

“Bebo mais um copo com os amigos logo à noite ou compro amanhã “As minha aventuras na Republica Portuguesa” do Miguel Esteves Cardoso?”

Lá fui enchendo as estantes de casa, mudei de casa, mudei de estantes, comprei estantes novas e, mais do que uma vez, tive que guardar livros em caixotes e dar-lhes o caminho da casa do sogro… Tem lá mais espaço e mais estantes. Não os mandei para casa da mãe pois as estantes que por lá havia já estavam cheias… Sim, eu gosto de livros…

Entretanto nasceu a Patrícia e eu decidi que não vão livros para mais lado nenhum. Enquanto houver um buraquinho, os livros ficam lá por casa. E porquê? Porque se e quando a Patrícia os quiser ler, já lá estão.

Mas será que a minha filha vai querer ler os livros que eu comprei?

Bem, entre “Os Três Mosqueteiros” e  a “História da Arte“, do “Moby Dick” ao “O Regresso do Cavaleiro das Trevas“, da “Mensagem” ao “O Grande Fosso“, das “Flores do mal” ao “O Refugio da Moreia“, do “Terceiro Testamento” ao “A Pele do tambor” ou ao “Wilt“, lá escolha não lhe faltará. Se os quiser ler, estão lá, são todos dela. E se continuar a tratar deles como os tem tratado até hoje, caso queira, serão também dos filhos dela.

Quando hoje compro um livro para mim, sei que o vou colocar na estante e que a partir de então, esse livro não é só meu, é nosso. E quando compro um livro para a minha filha, vejo ali não só a alegria espelhada na cara por ter recebido uma prenda mas também, o carinho com que o folheia depois e o cuidado (mesmo que por vezes descuidado) com que também ela o arruma  na estante.

Ora aqui está então o meu problema com os e-books: Como diria eu à minha filha «Folheia com cuidado, para as folhas não se soltarem…»…  E será que «Toma lá este pdf, que era do teu avô…» significará alguma coisa?

Que pensam vocês do assunto? Como vão vocês deixar os vossos e-books aos vossos filhos? Numa Flash Drive especial? Num disco multimédia partilhado na rede lá de casa? Já pensaram nisto? E a que conclusão chegaram?

O gato. E mais nada.

Este é o gato Browser. Muitos de vós já o conhecem. É o nosso gato, ou melhor, o gato que vive cá na nossa casa, ou o gato que nos deixa partilhar o espaço no qual ele impera, rei e senhor. Senhor gato.

Esta manhã assustou-nos a todos. 3, 4 miados, de pânico, de aflição. Ao que parece caiu para o lado e não se levantava, não reagia, nada. Estava ali, parado, de olhos fixos no nada…

Alguns minutos depois (pareceram horas) a campainha da porta tocou. Ele deu um salto a esconder-se debaixo do móvel mais próximo. Ficámos sem saber o que pensar. Que raio estaria a passar-se?

Lembrei-me que no Natal lhe tinha comprado duas latas de comida, tipo pequeno luxo, um presente especial, e que ainda sobrava uma. Abri e acenei com ela, à laia de isco, enquanto explicava à Patrícia que com lágrimas já soluçava, que o Browser já não é novo… “Mas ele só tem 11 anos pai…”. E como explicar a uma criança de 6 anos que 11 anos nos gatos é muito mais que nos humanos? Lá apareceu, devagar, para comer.

A Patrícia diz-nos que o Browser não pode morrer, que ele é da família… Não pode estar mais certa. Ele é da família claro…

Aparentemente, foi um susto, não sabemos porquê. Ao longo do dia, já tem pulado, de quando em vez miado, ainda se encosta mais que o normal, em busca de um cobertor (ou de um computador portátil mais quentinho)… A ver vamos no que dá… Desde que dê, muito mais tempo para partilhar connosco…

Esta é a fotografia de hoje para o “Projecto 365”. Browser. O nosso gato Browser.