E eis que a promessa se cumpriu. Dois anos depois da nossa primeira viagem a Nova Iorque voltámos à Big Apple. O regresso a New York City estava destinado desde o dia em que regressámos de lá em 2006.

A viagem começou logo com alguns contratempos. Não connosco mas com um casal amigo que se preparava para nos acompanhar. No check-in descobriram que um deles não tinha passaporte electrónico e como tal, para entrar nos Estados Unidos necessitava de um visto da embaixada norte-americana. Também não o tinham. Ao Sábado não se emitem passaportes e este era um fim-de-semana grande. Antes de Terça-feira nada de Nova Iorque para eles. Lá os esperaríamos…


Já no avião a primeira história a recordar. Atrás de nós vai um casal a ler em voz alta indicações sobre a cidade que não dorme. Moeda, saúde, transportes… Comento com a Susana que deveria ser certamente a primeira vez que iam a Nova Iorque. Algum tempo depois, as leituras estavam aos poucos a tornar-se familiares e muito além da informação genérica sobre a cidade… Não, eu estava mesmo a reconhecer o tom da escrita. Virei-me para trás e com a descontracção do costume pergunto ao leitor se tinha tirado o texto de algum site na Internet ao que este me responde que sim, de um tal de browserd.com. Inchei. Referi que era eu o autor e de imediato fui questionado sobre as aventuras com o Marçal, a Maria José e a trupe da viagem anterior… Sabe bem. Muito bem.

A entrada no pais é a versão moderna da chegada a Ellis Island que nos habituámos a ver nos filmes… Filas e filas em curva-contracurva para chegar a um balcão onde somos questionados sobre o nosso destino, objectivo da viagem, fotografados e com direito a recolher (pelo menos é de forma digital) as impressões digitais… Passada esta fase, venham as malas e tal a vontade de chegar, direito aos chamados Shuttles que numas carrinhas Ford de 7 lugares e bastante confortáveis nos levam aquecidos até à porta do hotel.

Onde ficar em Nova Iorque

Desta vez o planeamento começou com quase um ano de antecedência. Ainda que o Madison Hotel nos tenha agradado, a ideia de poder fazer algumas refeições em casa era muito apreciada. Parecendo que não sempre se poderiam poupar alguns dólares. Um aparthotel seria o ideal.

Já na nossa visita a Nova Iorque em 2006 tínhamos contactado o Ipanema Chalet na tentativa de lá ficarmos mas não foi possível. Só tentámos com 6 ou 7 meses de antecedência e para Dezembro em Nova Iorque isso é o mesmo que tentar em cima da hora. Desta feita contactámos o Ipanema Chalet logo em Janeiro e em Fevereiro fizemos a marcação.

O Ipanema Chalet fica na zona de Nova Iorque a que chamam de Little Brazil, na Rua 46 (46th Street) mesmo na esquina com a 5ª Avenida e do outro lado da rua, a famosa Times Square. Por outras palavras, dificilmente se arranjaria melhor localização. Táxis a toda a hora e estações de Metro por todos os lados.

Na chegada como não víamos ninguém entrámos no Ipanema Restaurante que fica mesmo na porta ao lado. Identifico-me ao Maitre que de imediato me entrega a chave da entrada e um pequeno envelope com o código da porta do quarto. Nesse mesmo envelope uma nota de boas vindas do dono do hotel e um recado para que nos encontrássemos no dia seguinte para tratar da burocracia.

Ao entrar conhecemos o Sr. João, empregado do hotel que nos ajuda a levar as malas ao quarto e nos fala sobre os horários das limpezas. Simpático e bem-educado dá um toque quase familiar ao local.

O quarto era espaçoso. Cama, roupeiro, casa de banho, mesa de refeições/secretária, cadeirão para repouso, e tv. Para além disso o esperado forno micro-ondas, placa de fogão e um frigorífico. Lava-loiças e armários equipados. A Susana reparou que, ao contrário do Madison Hotel, aqui não havia aquecimento central mas sim um aquecedor a óleo. Ainda receou que não fosse suficiente mas revelou-se esforçado e eficiente.

Se a tudo isto juntar-mos um dos melhores senão o melhor preço de Nova Iorque em Dezembro, está explicada a nossa escolha.

A primeira saída

At Hard Rock Café New YorkTal como na primeira noite em Nova Iorque há 2 anos atrás, foi só largar as malas e rua. Combinámos encontro em Times Square com o nosso amigo Zé Manel e a namorada, Rute. 6 graus negativos e a coisa prometia. Uma vez mais, Hard Rock Café New York. Ainda que os hambúrgueres sejam mais do mesmo as Orange Margaritas e os nachos são efectivamente muito bons. Tal como dantes, uma hora de espera mas felizmente de forma confortável nos famosos sofás da casa. Comprova-se pelos preços que o Hard Rock Café vive essencialmente dos turistas. Levem a carteira cheia.

Estávamos muito cansados da viagem e a noite já ia longa. Combinámos encontro para o dia seguinte às 7 da manhã. Se queríamos finalmente conseguir assistir a uma celebração na Abyssinian Baptist Church tínhamos que ir muito cedo. São às centenas as pessoas a quererem um lugar na área reservada aos turistas na mais famosa celebração com coros de Gospel de Nova Iorque.

A manhã seguinte: Domingo em Nova Iorque.

Muito muito cedo lá nos encontramos em Times Square e fomos de Metro para o Harlem. Preparem-se para uma longa viagem mas o facto de haver Metros Expresso (que em vez de pararem em todas as estações por vezes passam 10 ou 15 sem parar) ajuda bem.

Ainda que muito diferente do Harlem dos filmes americanos da década de 70 (sim, anda-se nas ruas sem ser pelo meio de gangs e traficantes) a cada passo é fácil recordar tais cenas tal é o impacto visual da área e dos seus habitantes.

Chegámos à igreja cerca das 8 da manhã mas ao contrário do que pensávamos a fila de turistas para a missa das 9 já era bem longa. Com mais gente do que aquela a quem seria permitida a entrada… Mas já lá estávamos e desta feita haveríamos de entrar… Nem que fosse na missa das 11.

Bem dito e melhor feito. Perto das 9 horas começou a azáfama dos seguranças a contarem as pessoas e a avisarem quanto a coerência da fila. Também lá apareceram os fura-filas do costume mas a força da fé (ou melhor dizendo, das vozes que rapidamente se fizeram ouvir acompanhadas de ferozes punhos no ar) manteve a linha direita. 10 ou 12 espanholas loucas e mais uma família de iguais origens (ainda que não aparentando a mesma loucura) estavam ainda à nossa frente quando somos avisados que teríamos que aguardar pela missa das 11.

The man with the red shoes4 graus negativos. Ajudava a musica que o preto (convenhamos, é este o termo correcto. Aliás, por terras do Tio Sam chamar negro a alguém dá direito a prisão) do sobretudo vermelho (a combinar com os sapatos) e óculos escuros vendia ou tentava vender na banca de rua ali montada.

As espanholas da frente desistiram de imediato. Tinha jogo dos New York Kniks ao meio-dia e já não dava tempo. Com isso estávamos a 4 dos lugares da frente. Suportássemos nós o frio e a entrada estava garantida.

Eis que para uma limusina. De lá sai uma daquelas figuras que só vemos nos filmes. Uma senhora preta já de uma certa idade, muito, muito alta, de casaco de peles até ao chão, bengala numa mão e mala na outra. Dirige-se em passo apressado (no que a idade ou saúde lhe permitiam) à fila onde nos encontrávamos. Diz qualquer coisa que não entendo ao pequeno grupo de espanhóis à nossa frente mas, como grande parte dos espanhóis que conhecemos, estes não entendiam nada de inglês. Pelo menos daquele inglês com acentuada pronuncia da zona.

Percebendo que a senhora parecia estar a pedir ajuda para algo, sai da fila e dirigi-me a ela perguntando se a podia ajudar em algo. Disse-me de imediato enquanto me passava a mala para a mão: “Sim, leva-me á igreja. O motorista hoje não podia porque tinha que ir…” Já não ouvi confesso. A perspectiva de não passar as próximas duas horas a congelar na rua toldaram-me por completo os ouvidos.

Perguntou-me então a dita senhora se eu estava sozinho ao que respondi que não, que estava com a minha mulher e um casal amigo. “Então chama-os para virem contigo – disse ela – hoje serão meus convidados para a igreja.”.

Isto parecia mentira. Ali estávamos nós, a sair da fila, eu a carregar a mala e a Susana já de braço dado com a nossa benemérita. Passámos a primeira porta da igreja e passámos ainda a segunda. “Essa não a minha porta” – disse ela com um certo ar de altivez enquanto chegávamos a uma terceira porta ladeada por dois seguranças. Fez sinal para indicar que estávamos com ela e lá entrámos finalmente.

Lá dentro apanhámos um elevador e em certa altura diz-nos a referida senhora que a nossa paragem era ali. Saímos e eis senão quando nos encontramos no meio da comunidade. Não no espaço reservado aos turistas, lá atrás. Estávamos ali, no meio da coisa.

A celebração foi o que esperávamos. Animação e alegria (ao invés de tristeza amargura e pecados por todo o lado). Falava-se do que é bom e também do que é mau mas sempre na perspectiva de que o mau se tentará remediar e não só que devia ser castigado… É diferente. Ao fim de uma ou duas horas é fácil entender porque vão lá aquelas pessoas, sempre com boa cara, dispostas a ouvir e a partilhar. O Gospel? Sim, também lá estava mas o sermão batia-o aos pontos.

Para finalizar o relato desta nossa manhã fica ainda uma nota tipicamente portuguesa. A certa altura reparei que junto a nós estava mais um casal de jovens e que, falavam português. Estranhei pois não havia por ali mais ninguém que não “se enquadrasse” por completo. Perguntei como tinham entrado e a resposta foi clara: “Entrámos atrás de vocês. Quando percebi o que passava virei-me para ela e disse-lhe que viesse sem dizer nada. Aqui estamos.”.

O relato da nossa viagem a Nova Iorque continuará em breve. Por hoje já vai longo não vos parece?

Update: O relato continua em Férias em Nova Iorque outra vez (ou New York 2008) II.

Pois que mais uma vez se prepara a grande viagem. A partir deste ano, a viagem a Nova Iorque em Dezembro passa oficialmente a ser tradição de família. A Patrícia ainda não vai mas, já não faltará muito para ela descobrir os encantos da cidade que nunca dorme.

Sim, vamos novamente para Nova Iorque. E tendo em conta o quão grande é a cidade e quão diversificada é a oferta de coisas para ver e fazer, é bom que comecemos desde já a preparar o dia-a-dia.

Antes que alguém pergunte, a estadia está já reservada desde Fevereiro. É a única forma de garantir boa relação qualidade / preço em Nova Iorque para o mês de Dezembro. Se não estivermos a falar do Mandarim ou do Ritz-Carlton é claro…

Adiante. Há coisas que já foram vistas ao detalhe e não nos irão tomar tempo desta vez. Há certamente outras coisas que vistas que foram serão revistas agora até pelo seu carácter de grande mudança. Há por fim tudo aquilo que não foi visto mas que o merece ser agora. Aceitam-se sugestões que serão devidamente apreciadas.

Por enquanto vou registando algumas curiosidades que poderão despertar interesse ou simplesmente espelhar a oferta única e por vezes bizarra que Nova Iorque propõe.

No passado Sábado logo pela manhã, ainda mal refeitos da noitada de Halloween, saímos cedo para nos dirigirmos à Quinta Pedagógica dos Olivais. A Susana tinha feito a marcação durante a semana para que os 3 fossemos até lá para aprender a fazer “Bolinhos de Pão por Deus” que basicamente são broas de erva-doce.

Pão por Deus

A Quinta Pedagógica dos Olivais fica tal como o nome indica, nos Olivais e já existe à 11 anos algo que, na minha opinião é extraordinário tendo em conta que a entrada na mesma é gratuita.

Este projecto da Câmara Municipal de Lisboa tenta aproximar os cidadãos da realidade rural em particular e da natureza em geral.

Não só podemos encontrar espalhados pela quinta os mais diversos animais que associamos à vida campestre tais como cabras, ovelhas, vacas, cavalos, burros, porcos ou patos mas também encontramos uma verdadeira exploração agrícola em várias pequenas hortas que por lá há. Curioso é o facto de que os frutos dessas mesmas hortas estão à disposição dos visitantes, de forma gratuita, numa bancada própria para o efeito onde se deixa a nota que, caso o visitante tenha alguma semente ou planta que gostasse de ver por lá criada, basta que a leve e a equipa da quinta se encarregará do resto.

Para além desta vertente a Quinta Pedagógica dos Olivais proporciona ainda vários eventos todos os meses onde se ensinam as mais variadas coisas desde fazer pão a fazer espantalhos, identificar cogumelos etc…

Uma forma diferente de passar uma manhã em família, aprendendo e com diversão na dose certa.

Já agora, os bolos ficaram mesmo muito bons.

Depois de vos ter começado a contar como tinha sido a nossa viagem a Amesterdão não ficava nada bem se não acabasse o relato principalmente porque sei que alguns de vocês ficaram com a ideia de que em Amesterdão há pouco que se aproveite. Bem, não há muito é verdade mas nem tudo é mau.

Os museus de Amesterdão

Van Gogh Museum – Vão para a fila logo de manhã cedo. Muito cedo. Ainda que em Amesterdão nada comece cedo, a cidade está sempre cheia de turistas e muitos destes acordam cedo. Mesmo que já tenham comprado o bilhete para o museu Van Gogh no dia anterior (se não tiverem bilhete vão para lá de madrugada) cheguem lá cedo. A fila é enorme.

Depois há aquela coisa dos girassóis… Eu sei que gostos são gostos mas ao contrário do dito popularem eu acho que estes devem ser discutidos. Mas será que alguém gosta mesmo dos girassóis do Van Gogh? E a cena da orelha? A sério. Podem ficar ofendidos e tudo o mais mas não há pachorra para o Van Gogh.

Directamente ao piso de baixo do museu Van Gogh para ver a magnifica exposição de John Everett Millais (costuma estar no Tate em Londres) e ficar deveras encantado pela obra deste pré-rafaelita. Ophelia será a sua obra mais famosa mas facilmente nos apaixonamos por tudo o resto.

Neste piso podemos ainda visitar uma exposição fotográfica intitulada Me, Ophelia onde vários fotógrafos prestam à sua maneira, homenagem à obra prima de Millais.

Entre quadros, desenhos, audio tour e um filme sobre a vida e obra do artista aqui ficou grande parte da nossa manhã. De volta ao piso de cima, a visita ao Van Gogh propriamente dito levou-nos ainda uns cinco ou dez minutos que foi o tempo que demorou até chegar à porta de saida no meio dos milhares de pessoas que se amontoavam para ver, adivinhem? Os girassóis.

Rijksmuseum – É efectivamente um grande museu este Rijksmuseum. Infelizmente grande parte dele está em obras (ao que parece já há muito tempo e tende a continuar) o que, não só defrauda as expectativas como torna a visita um bocado confusa. Ainda assim tem muito que ver principalmente para quem aprecia as grande obras de Rembrandt (Night Watch é absolutamente fantástico), Vermeer ou mesmo Pieter Saenredam com os seus fenomenais interiores de igrejas. Ainda de referir as extraordinárias casas de bonecas do século XVII a fazer os sonhos mesmo de quem nunca brincou com bonecas…

Foam fotografie museum – Tal como o nome indica, o Foam é um museu de fotografia. Daquelas pequenas pérolas que por vezes são esquecidas nos circuitos mais turísticos mas que nos enche os olhos com coisas bastante interessantes (como a exposição de Jessica Dimmock “The Ninth Floor” que acompanha um ano na vida de um grupo de toxicodependentes). Ou como num espaço diminuto dar um grande valor cultural à cidade…

Joods historich museum – mais conhecido como o Museu Judeu de Amesterdão. Muito interessante. A história de um povo pela Europa. Nunca tinha eu (e já entrei nuns quantos museus por esse mundo fora) visto tanta referência a Portugal e a Portugueses como neste museu. Ao que parece, haveria por aqui mais do que em qualquer outro lugar… Vale a pena visitar e conhecer mais intimamente a importância deste povo naquela cidade.

Ainda no Museu Judeu é de visitar o Museu Infantil onde se pode encontrar a “Parede Falante” que é, literalmente, uma parede que falando connosco nos conta a sua história ali, no edifício da sinagoga. Marcante.

E para comer? Come-se por lá?

Sim, come-se. Nada de especial. Não há propriamente uma comida típica da terra. Como diria um colega meu, talvez o mais parecido com comida típica de Amesterdão seja a comida Indonésia (há por lá muitos restaurantes destes). No entanto, come-se bem assim se vá comer aos sítios certos.

Sushi me – Passámos por este pequeno restaurante japonês logo na primeira noite em Amesterdão. Já passava das 10 da noite que nesta cidade é como quem diz, estava já fechado. Ficou marcado e lá voltámos ao Shushi me 2 noites mais tarde. Comemos bem e barato (para Amesterdão e para japonês). Sem mesas, tem um balcão corrido a todo o comprimento do restaurante (que não é longo) e bancos confortáveis.

Ainda comemos num outro japonês (mais tipo tasca japonesa) onde a comida estava igualmente boa (maior oferta) mas definitivamente, o Shushi me tinha mais estilo e na comida japonesa, em particular, os olhos também comem…

Madre Maria – Restaurante de carnes argentinas, o Madre Maria faz jus à fama que tem por lá. A carne é mesmo muito muito boa. Foi aconselhada a parrillada mista que basicamente é um fogareiro a carvão na mesa com várias carnes a grelhar. Vale bem a pena. Parece manteiga. A simpatia não é a maior mas também, é típico dos estabelecimentos na cidade…

La Madonna – O nome deste também não engana pois não? Restaurante italiano, La Madonna serviu essencialmente por estar aberto até mais tarde mas no entanto até se revelou uma agradável surpresa. A comida era boa e não foi muito caro. Serviam vinho a copo o que também ajudou a agradar.

The Pancake Bakery – De comer e chorar por agua com gás. Ou nem isso. A The Pancake Bakery tem fantásticas panquecas, gigantes panquecas com as mais estranhas combinações de sabores que possam imaginar. Não caiam no erro de lá ir lanchar a não ser que já tenham almoçado há muito e não planeiem jantar. Já lá vai para 35 anos…

Puccini – Difícil difícil seria falar de comida em Amesterdão e não falar do Puccini Bomboni. estes chocolates são caros como o raio mas são deliciosos em proporção ou mais. Por nós ficámos entre os de noz e os de pimenta (sim, a combinação pimenta e chocolate é realmente fantástica) mas facilmente comeríamos muitos mais. Visita obrigatória.

Há mais sítios certamente mas não me consigo lembrar de todos e o post já vai longo… Continua mais tarde na Parte III.

Já foi há uns dias. Bem, muitos dias. O quê? A viagem que fizemos a Amesterdão. Já estava nos nossos planos há algum tempo mas os preços das viagens aéreas para o pais das tulipas sempre nos pareceu demasiado elevado. Até um dia. Lá fomos.

A Chegada

O aeroporto de Amesterdão é algo de colossal. Gigantesco. Já com o avião em terra, a pista passa sobre a autoestrada causando uma sensação estranha a quem vai no avião mas imagino o quão estranha será para quem vai nos carros. Parecem bastante organizados os holandeses. Identificámos de imediato os caminhos a seguir para chegar ao comboio que nos levaria ao centro da cidade. Uma pequena paragem para um um hamburger tardio e lá fomos. Tal como previsto, 40 minutos depois chegámos à estação central de Amesterdão.

O aniversário da Rainha.

No dia 30 de Abril comemora-se em toda a Holanda o aniversário da Rainha e tal festa é levada mais a sério em Amesterdão. Bem, talvez sério não seja o termo mais correcto. A população fica doida e sai toda para a rua vestida de laranja, cantam, dançam, fumam e bebem. Muito. Assim que saimos da estação, já cerca da meia-noite, vimos de imediato o efeito que tal festa tem na cidade. Não se dava um passo que não fosse sobre copos de cerveja vazios ou montes de beatas ainda fumegantes. Estranhamente, o cedo da hora (pelos padrões de festa portugueses) mostrava já toda a gente a regressar a casa. A noite acaba cedo naquela cidade.

Nadia Hotel, um lugar a ter em conta.

Hotel NadiaOs hotéis em Amesterdão são caros. Aliás, tudo é caro em Amesterdão. Quando estávamos a planear a viagem, com muito pé atrás, tínhamos já reservado hotel para as 6 noites pela assustadora quantia de 1300 euros. E isto sem pequeno-almoço e sem as taxas municipais obrigatórias (tipo 5% ao dia). Na ante-véspera da partida recebemos um e-mail do Hotel Nadia informando sobre uma desistência de última hora e questionando se ainda estaríamos interessados. O Hotel Nadia tinha sido um dos nossos contactos esquecidos uma vez que não havia vagas. Sim, esse é outro detalhe importante: Nesta altura do ano, é muito difícil arranjar hotel em Amesterdão. Está tudo lotado. Adiante. Hotel Nadia, quase metade do preço, muito, mas mesmo muito central, com pequeno-almoço e taxas incluidas. Mas mais importante ainda, 14 entre os cerca de 350 hotéis de Amesterdão comentados no Trip Advisor.

À chegada, tal como comentava quem por cá já passou, as malas foram levadas para o quarto e foi-nos oferecida uma bebida enquanto esperávamos na sala do pequeno-almoço. Mais uma vez, tal como se lê nos comentários pela Net, uma sala pequena mas muito, muito engraçada.

O nosso quarto ficava logo no primeiro andar mas mesmo que fosse num dos outros não me pareceria mal. As escadas podem assustar mas é mesmo só até as subirmos e percebermos que não custam assim tanto. Quarto pequeno (talvez o mais pequeno em que alguma vez ficámos) mas com tudo o que poderíamos precisar: Cama de casal, roupeiro, secretária, televisão, frigorífico, cofre e uma magnifica varanda já equipada com duas cadeiras. 20 minutos depois já estava o computador portátil em cima da mesa e ligado a um dos 5 ou 6 routers do hotel, completamente abertos e com uma velocidade espectacular. Internet de graça.

Amesterdão cidade.

Os dias começam cedo quando estamos em viagem. Mas em Amesterdão, nada começa cedo. Só mesmo nós e a sala de pequeno-almoço (que estava muito bom diga-se, com pão, tostas, bolos, doces, manteiga, café, leite e sumos à descrição). Aquela cidade não acorda antes das 10 ou 11 da manhã. Cafés meu Deus. Cafés. Não via cafés abertos. Parecia manhã de Ano Novo em Lisboa.

É agradável passear pelos canais pela manhã por essa razão. Passa-se bem, sem encontrões e a falta de Sol forte contribui também para umas quantas breves lufadas de ar fresco. Sim, que à tarde o cheiro é outro e não é dos mais agradáveis. Amesterdão brinda-nos com a presença em quase todas as ruas de urinóis públicos. Sim, urinóis públicos. E não são daqueles com moedinha e à porta fechada. Não senhor. Ali não há falsos pudores. Quando dá a vontade, vai de sacar da dita e, junto aos artefactos piramidais, aliviar pressões internas. Dá-se o caso de que, grande parte destes equipamentos (as pirâmides entenda-se) serve igualmente para depósito de latas, garrafas e outros recipientes formando montes de lixo acumulado e dando origem aos famosos salpicos de ricochete. Estão a imaginar a coisa não estão? Piora a coisa quando temos em conta que, devido à grande quantidade de líquidos ingeridos pelos locais e a outras coisas ingeridas pelas visitas, dificilmente quem está com vontade de se aliviar consegue andar em linha recta tempo suficiente para alcançar o urinol. Ora, nada como uma cidade como Amesterdão, cheia de arvores por todo o lado para ajudarem nestas horas de aflição. Imaginam agora o cheiro que por lá fica não?

Mas Amesterdão é só isso? E as drogas?

Pois essa é outra guerra. As drogas. Toda a gente sabe que Amesterdão é famosa pelas drogas. Não só mas também. As drogas pesadas são violentamente penalizadas. As drogas leves, não sendo propriamente legais (acho) são toleradas. Assim sendo, as famosas coffee shop’s de Amesterdão lá estão de porta aberta esperando os clientes, com as suas montras decoradas com motivos repetitivos que não variam muito entre os cartoons jamaicanos ou os dourados árabes. Em determinadas zonas, são porta-sim, porta-sim. Ninguém é obrigado a entrar é certo mas ninguém consegue deixar de cheirar mesmo só passando na rua. Ainda pensámos em entrar numa ou outra com menos maus aspecto para comer um bolinho (já deixámos de fumar à tempo suficiente para não experimentar outra vez) mas o cheiro era demasiado forte. A mistura doce da menta com o fumo da erva (que por vezes parecia verde de mais mas mesmo assim o turista contente fumava, fumava, fumava) igualmente adocicado era por demais enjoativo. A parte das drogas lá ficou. Para todos os pijamas andantes que por lá vimos (e eram muitos).

Continua em breve na Parte II… Entretanto sempre podem ver as fotos na minha conta do Flickr.